O número de notificações de intoxicação por metanol após a ingestão de bebidas alcoólicas no Brasil aumentou para 113, conforme balanço do Ministério da Saúde divulgado na tarde desta sexta-feira. As notificações incluem casos confirmados e suspeitos, além de mortes. Os estados da Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul registraram seus primeiros casos em investigação. No total, são 11 casos confirmados e 102 em investigação.
Dentre as 113 notificações, 101 são de São Paulo, com 11 confirmados e 90 em investigação. Há também seis casos em investigação em Pernambuco, dois na Bahia e no Distrito Federal, e um caso em investigação no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Dessas notificações, 12 resultaram em óbitos: um confirmado em São Paulo e 11 em investigação, sendo oito em São Paulo, um em Pernambuco, um na Bahia e um no Mato Grosso do Sul. As notificações foram reportadas até as 16h desta sexta-feira ao Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS).
Para mitigar o impacto das intoxicações causadas por bebidas alcoólicas adulteradas, o Ministério da Saúde, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), adquiriu 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, que é o antídoto para esse tipo de intoxicação, e está em processo de compra de mais 5 mil tratamentos, totalizando 150 mil ampolas, para garantir o estoque do Sistema Único de Saúde.
Em São Paulo, há 91 casos em investigação e 11 confirmados, com a capital concentrando a maior parte dos casos: 48 em investigação e oito confirmados. Outros municípios da Grande São Paulo também registram casos, como São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Mauá, Diadema, Ferraz de Vasconcelos e Taboão da Serra. No interior e litoral, os registros são mais isolados, com cidades como Araçatuba, Cajuru, Jundiaí, Limeira, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santos, São José dos Campos e São Vicente, cada uma com um caso em investigação.
O metanol, um álcool utilizado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é extremamente perigoso quando ingerido, pois ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que afetam a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo resultar em cegueira, coma e até morte. Além disso, pode causar insuficiência pulmonar e renal.
As autoridades não divulgaram oficialmente a identidade das vítimas, mas a TV Globo e o g1 conseguiram localizar alguns pacientes que tiveram suas vidas profundamente afetadas após o consumo de bebidas adulteradas. Entre eles, Radharani Domingos, Bruna Araújo de Souza e Rafael Anjos Martins.
Rafael Anjos Martins, de 28 anos, comprou duas garrafas de gin em uma adega na Cidade Dutra, na Zona Sul de São Paulo, e, após consumir a bebida com amigos, começou a passar mal e foi levado ao hospital. Ele está em coma desde 1º de setembro, internado em uma Unidade de Terapia Intensiva em Osasco. Seus amigos também apresentaram sintomas, como a perda de visão.
Radharani Domingos, designer de interiores de 43 anos, perdeu a visão após consumir caipirinhas em um bar na Alameda Lorena, em São Paulo, que foi interditado. Ela foi internada na UTI, onde sofreu convulsões e precisou ser intubada. Sua irmã informou que ainda não há previsão de alta e que os tratamentos para reverter o comprometimento da visão estão em andamento.
Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, também foi internada após consumir vodca em um bar de São Bernardo do Campo. Ela apresentou sintomas graves e permanece em estado crítico no Hospital de Clínicas da cidade. Seu namorado também foi internado com sintomas semelhantes.
Wesley Pereira, de 31 anos, passou mal após consumir whisky em uma festa na Zona Sul de São Paulo e permanece internado, enfrentando complicações graves. Marcelo Lombardi, advogado de 45 anos, morreu após consumir vodca adulterada, tendo sido levado ao hospital já desorientado e sem visão.
As investigações sobre os casos de intoxicação por metanol continuam, e as autoridades estão em alerta para evitar novas ocorrências.
Fonte: g1
Crédito da foto: Divulgação/Ministério da Saúde