Os gatos são frequentemente vistos como seres misteriosos e difíceis de entender, mas na verdade, são excelentes comunicadores. Em colônias que vivem em liberdade, esses animais conseguem reduzir brigas físicas através de posturas corporais, troca de odores e vocalizações. Além disso, os gatos adaptaram sua forma de se comunicar especificamente para interagir com os humanos. É comum que gatos adultos não miem entre si, mas quando estão próximos das pessoas, os miados se tornam frequentes, sugerindo uma adaptação vocal para facilitar essa comunicação.
Os felinos possuem um repertório vocal extenso, capaz de transmitir diferentes significados, inclusive para pessoas específicas. Os gatos que desenvolvem um forte vínculo com seus tutores frequentemente criam um dialeto único de comunicação. Eles também conseguem compreender os sinais humanos, reconhecendo seus nomes e os dos companheiros, além de serem capazes de perceber as emoções humanas e alterar seu comportamento de acordo com elas.
Entretanto, um estudo recente, publicado na Frontiers in Ethology, revela que os humanos frequentemente interpretam de maneira incorreta os sinais dos gatos. A pesquisa envolveu 368 participantes australianos que assistiram a vídeos de interações entre humanos e gatos. Metade dos gatos mostrava sinais de brincadeira, enquanto a outra metade exibia comportamentos que indicavam estresse ou desconforto.
Os resultados mostraram que os participantes tiveram dificuldades em identificar os sinais negativos que indicavam estresse nos gatos. Nos vídeos em que os felinos não estavam brincando, mas sim apresentando sinais sutis de desconforto, os participantes reconheceram esses sinais apenas na mesma proporção que o acaso. Até mesmo em situações com sinais negativos evidentes, como sibilos ou tentativas de fuga, 25% dos participantes ainda interpretavam esses comportamentos como positivos.
A pesquisa sublinha a importância de não apenas reconhecer o estresse nos gatos, mas também de saber como responder adequadamente. Mesmo quando os sinais negativos eram percebidos, muitos participantes escolheram interagir de forma que potencializava o estresse do gato, como acariciar ou brincar de maneira inadequada. O estresse prolongado pode ter consequências severas para a saúde dos gatos, aumentando o risco de doenças como inflamação da bexiga e comportamentos problemáticos, como agressividade e eliminação fora da caixa.
Além disso, interações inadequadas podem resultar em ferimentos para os humanos, considerando que gatos estressados podem morder ou arranhar, levando a infecções graves. Para brincar com gatos de forma segura, é essencial estar atento aos sinais de desconforto e respeitar o espaço do animal. Os gatos têm preferências específicas em relação ao toque, preferindo áreas como a cabeça e o pescoço, e evitando brincadeiras que envolvam as mãos.
Por fim, a capacidade de entender a comunicação felina é um aprendizado contínuo. Com observação e prática, é possível se tornar “fluente em gato”, respeitando suas necessidades e garantindo uma convivência harmoniosa.
Fonte: g1 – Foto: Adobe Stock



















