Júlio César Siqueira da Silva sempre foi um homem que não se preocupava em buscar atendimento médico a menos que sentisse algo diferente. Aos 60 anos, após um longo período sem consultas médicas, decidiu agendar uma visita ao posto de saúde próximo à sua residência. Foi nesse momento que tudo começou. Após muitos exames, recebeu a confirmação de que estava com câncer de próstata, já em estágio avançado.
“Fiquei assustado. Não tinha nenhum sintoma, tive muita sorte. Quando realizaram a cirurgia, descobriram que a situação era pior do que imaginavam. Mas foi um sucesso. Meu PSA, que estava em 60, caiu para 1 logo após a cirurgia. Agora, vou realizar algumas sessões de radioterapia para finalizar o tratamento”, afirmou o paciente do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
No ano passado, a unidade registrou mais de 1,3 mil consultas ambulatoriais para pacientes diagnosticados com câncer de próstata e 128 cirurgias. Neste ano, até outubro, o número de cirurgias já estava próximo ao total de 2024, com 126 realizadas e quase 1,2 mil consultas.
O urologista do HAC, Diego Zille, explica que o tumor geralmente se desenvolve na zona periférica da próstata, o que resulta na ausência de sintomas nas fases iniciais. “Quando o câncer dá sinais, geralmente já está em estágio avançado”, destaca. Os sintomas mais comuns nesse estágio incluem sangramento urinário, dor pélvica e dor óssea, muitas vezes associadas à metástase da doença. O médico alerta que a idade é o principal fator de risco, com homens acima dos 65 anos representando cerca de 60% dos diagnósticos. Além disso, ter histórico familiar da doença e hábitos de vida pouco saudáveis aumentam a probabilidade de desenvolvimento do câncer.
Uma dieta rica em gordura animal, o consumo excessivo de alimentos processados, a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo e a exposição a agentes químicos, como pesticidas, são fatores que elevam as chances de adoecimento. O câncer de próstata também é mais comum em pacientes negros e pardos.
Assim, o rastreamento por meio do exame de PSA e do toque retal é fundamental. “A recomendação é que homens iniciem o acompanhamento médico a partir dos 50 anos. Para aqueles com fatores de risco, o ideal é começar aos 45”, ressalta o urologista.
Mudanças cotidianas podem ajudar a reduzir o risco de desenvolvimento da doença. “Uma alimentação equilibrada – rica em frutas, verduras, legumes, peixes e grãos – reduz o risco. Praticar regularmente atividade física, manter o peso sob controle e não fumar são medidas essenciais”, recomenda o urologista do HAC. “Quando diagnosticado precocemente, o câncer de próstata apresenta alta taxa de cura. No caso de tumores localizados, as chances de cura variam de 90% a 98%, e a sobrevida em cinco anos é praticamente de 100%”, explica o especialista.
O médico enfatiza que a campanha do Novembro Azul vai além do câncer de próstata. “Ela representa um alerta sobre a saúde masculina como um todo. Os homens têm menor expectativa de vida, o que está relacionado à baixa procura por atendimento médico e exames preventivos.”
Durante as consultas, realiza-se uma avaliação global da saúde do paciente. “Não é incomum identificarmos diabetes ou distúrbios metabólicos durante essas avaliações.” Ele conclui: “É importante sempre incentivarmos um cuidado integral e contínuo com a saúde masculina, combatendo preconceitos, buscando o diagnóstico precoce e reforçando a importância do autocuidado.”
Fonte: Agência Minas
Crédito da foto: DeFato Online

















