Os preços das carnes subiram novamente em novembro, marcando o terceiro mês consecutivo de alta, com uma inflação acumulada de 15,43% nos últimos 12 meses, conforme dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados nesta terça-feira (10) pelo IBGE. A elevação é impulsionada por fatores como clima adverso, ciclo da pecuária, exportações e aumento da renda.
Principais cortes impactados
Entre os cortes bovinos, o patinho lidera o aumento, com inflação de 19,63% no acumulado do ano, seguido por acém (18,33%), peito (17%) e lagarto comum (16,91%). A única exceção foi o fígado, com uma queda de 3,61%.
Fatores que explicam a alta
1. Ciclo da pecuária:
• No atual momento, há menos fêmeas disponíveis para reprodução, após um período de altos abates, o que reduz o rebanho e a oferta de carne. Esse efeito deve pressionar os preços até 2026, já que a recomposição do rebanho leva anos.
2. Clima e custos de produção:
• A maior seca registrada recentemente, somada a queimadas, prejudicou os pastos e aumentou os custos com ração para os confinamentos. Com preços baixos do boi gordo durante boa parte do ano, muitos pecuaristas optaram por reduzir investimentos.
3. Exportações aquecidas:
• O Brasil bateu recordes de exportação de carne bovina em 2024, devido à alta demanda global e dificuldades enfrentadas por outros países exportadores, como Austrália, Estados Unidos e Argentina. Isso reduz a oferta no mercado interno.
4. Aumento da renda e festas de fim de ano:
• A recuperação econômica, com maior ocupação, valorização do salário mínimo e reajustes de benefícios sociais, impulsionou a demanda doméstica por carne. O pagamento do 13º salário e a proximidade das festas de fim de ano mantêm o consumo em alta.
Perspectivas para o futuro
Economistas alertam que os preços da carne bovina devem permanecer elevados em 2025, com possibilidade de estabilização apenas após 2026, quando o rebanho começar a ser recomposto.
Apesar do recente acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, que reduz impostos sobre a carne brasileira, os benefícios no mercado interno ainda não têm previsão de impacto devido aos trâmites necessários para a implementação.
Fonte: G1, IBGE, FGV e Abiec