Em um mundo dominado por mensagens instantâneas, emojis e notificações, muitas pessoas têm optado por um caminho mais lento e afetivo: a escrita de cartas à mão. O programa “Globo Repórter” destacou como essa prática tem sido redescoberta por milhares de brasileiros. Um exemplo é o Clube do Envelope de Papel, criado pela jornalista e publicitária Mariana Loureiro, que já conectou mais de 4 mil pessoas em todo o Brasil. A proposta é simples: escrever cartas à mão e aguardar a resposta, respeitando um compromisso de amizade, independentemente do tempo que isso possa levar.
A empresária Tatiana Naiara Silva, integrante do clube, explica que a prática de escrever cartas se destaca em um período em que a tecnologia tornou tudo imediato. Para ela, a carta exige paciência e proporciona uma experiência única de espera. Tatiana se dedica ao ritual, escolhendo folhas coloridas e decorando suas cartas com carinho, o que transforma o ato de escrever em um gesto de amor.
Gabriela Carvalho, outra participante, reside em um local onde o carteiro não passa, mas mesmo assim faz questão de ir aos Correios. Para ela, o tempo é precioso, e saber que alguém está compartilhando o próprio tempo com ela é gratificante.
As repórteres Bianka e Liliana também vivenciaram a experiência de troca de cartas. Bianka aguardou três dias para que sua carta, enviada de Belo Horizonte, chegasse a Recife. Em sua correspondência, ela refletiu sobre a desconexão da correria do dia a dia e a importância de momentos de silêncio e beleza fora das telas. Na resposta, Liliana expressou saudade de quando escrevia cartas e a urgência de viver com calma, ressaltando que, apesar de ter se adaptado ao digital, seu coração ainda é analógico.
Para o professor Bernardo Conde, antropólogo da PUC Rio, esse movimento vai além do saudosismo. Ele considera que a prática de escrever cartas é um sinal de mudança, um desejo de romper com a sobrecarga de informações e a necessidade constante de estar online. Escrever cartas exige dedicação e proporciona um contato mais profundo com sentimentos e sensações.
Essa redescoberta das cartas à mão revela um anseio por conexão genuína em tempos digitais, onde o ato de escrever se torna uma forma de expressar afeto e atenção.
Crédito da foto: Reprodução/TV Globo
Fonte: g1.globo.com