Uma psicóloga do setor de Recursos Humanos (RH) da Ferreira Costa, uma das maiores redes varejistas do Nordeste, com origem e sede em Pernambuco, perdeu o emprego após publicar mensagem no Instagram ameaçando demitir funcionários que votam em candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT), como Luiz Inácio Lula da Silva, que disputa o segundo turno para presidente da República contra Jair Bolsonaro (PL).
“Esse é o Brasil. Primeira vez que um ladrão comprovado assume a Presidência. Não quero ninguém me pedindo emprego. Vão pedir ao Lula. Se tiver demissão em massa, vou fazer de tudo para começar pelos petistas. Aguardem”, escreveu a psicóloga Karina Lopes, que era coordenadora de desenvolvimento humano da Ferreira Costa. A mulher conclui o texto dizendo que sua bandeira “jamais será vermelha” e pedindo que “Deus abençoe as famílias de bem e as empresas”.
Karina Lopes fez a publicação logo após o fim da apuração do primeiro turno da eleição presidencial, em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu com 48,43% dos votos. O petista obteve a maior margem de vantagem na região Nordeste, com Pernambuco sendo um dos principais redutos dele. No estado, Lula conquistou a preferência de 3.558.322 eleitores (65,27% dos votos válidos).
A Ferreira Costa tomou a decisão de demitir a funcionária após ser cobrada por internautas, que fizeram denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no estado. Em nota, publicada também no Instagram, a empresa afirmou que não compactua com atitudes ofensivas ou discriminatórias: “Nosso trabalho é sempre regido pela Ética, Respeito e Valorização de todos os que fazem parte da empresa.”
A empresa, no entanto, não informou de que forma se deu o “desligamento” (voluntária, demissão simples, justa causa) de Karina Lopes, que é natural do Rio de Janeiro e, em suas redes sociais, demonstra apoio a Jair Bolsonaro (PL). Ela excluiu as contas no Instagram, onde fez a publicação, e no Linkedin, rede social voltada ao mercado de trabalho. Fundada em 1984, a Ferreira Costa tem lojas atualmente no Recife e em Garanhuns e Caruaru, no Agreste pernambucano, além de Aracaju, João Pessoa, Salvador e Natal.
Ameaçar ou coagir alguém a votar ou não em determinado candidato é crime eleitoral
Já o MPT informou que recebeu denúncia formal sobre “os relatos de assédio eleitoral em empresa varejista no Recife” e que a notificação será distribuída a um procurador e, depois, apurada.
O Ministério Público do Trabalho acrescentou que orienta que “empresas e empregadores não ofereçam benefícios em troca de voto em candidato ou candidata nem ameacem trabalhadores caso eles não escolham determinado candidato ou candidata”. O órgão ressaltou que a prática de assédio eleitoral contra trabalhadores pode resultar em medidas extrajudiciais e judiciais na esfera trabalhista. Também esclareceu que ameaçar ou coagir alguém a votar ou não em determinado candidato é crime eleitoral e que a Constituição Federal “garante a liberdade de consciência, de expressão e de orientação política, protegendo o livre exercício da cidadania por meio do voto direto e secreto”.
Fonte: O Tempo.