Entre 2019 e 2022 sete médicos foram penalizados por abuso sexual pelo Conselho Regional de Medicina CRM (as punições não foram reveladas, elas podem variar desde uma advertência até a perda da licença) em Minas Gerais.
Atualmente, há cinco sindicâncias em apuração no Estado. O número de queixas que chega ao órgão, porém, está aquém da realidade. Várias pacientes nunca relataram os crimes sofridos para a polícia ou para o CRM.
A coordenadora estadual de promoção dos direitos das mulheres da Defensoria Pública de Minas Gerais, Samantha Vilarinho Mello Alves, avalia que “muitas mulheres não têm coragem de ir à delegacia ou ao CRM”. Para a defensora, a subnotificação tem alguns aspectos. O primeiro tem relação com a falta de conhecimento, já que nem todos os abusos são tão claros como aquele cometido pelo médico anestesista Giovanni Quintella.
Importância do acompanhante
A defensora Samantha Vilarinho Mello Alves aconselha que a mulher sempre leve acompanhantes para as consultas médicas. Há, inclusive, legislações estadual e federal que garantem o direito a não ficar sozinha em consultas médicas. “Ninguém vai impedir um acompanhante de entrar em uma consulta, mas há mulheres que não tem nenhuma rede de apoio”, analisou.
A delegada Renata Ribeiro, da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher, ao Idoso, à Pessoa com Deficiência e Vítima de Intolerância, concorda que há subnotificação em todo crime contra a dignidade sexual, seja importunação, abuso, estupro, entre outros.
“Muitas mulheres se sentem culpadas, mas é preciso entender que nenhuma vítima é culpada do crime cometido contra ela”, reforça. Para a delegada, é preciso apoiar as denúncias e não buscar explicações que justifiquem um comportamento criminoso, como a vestimenta da mulher.
Fonte: O Tempo – Foto: Alexandra Munchen/Pixabay.















