Uma técnica cirúrgica pouco convencional, conhecida como “dente-no-olho”, tem chamado a atenção por devolver a visão a pacientes com cegueira corneana grave, especialmente em casos em que os transplantes de córnea tradicionais não são viáveis. O procedimento, oficialmente chamado de ceratoprótese osteo-odonto ou osteo-odonto-queratoprótese, utiliza um dente do próprio paciente para sustentar uma lente de acrílico que, posteriormente, é implantada no olho.
O canadense Brent Chapman, de 34 anos, viralizou recentemente ao relatar que voltou a enxergar após mais de 20 anos sem visão graças à técnica. O implante é preparado meses antes da cirurgia definitiva e, depois de fixado no olho, permite que a visão melhore gradualmente com o avanço da cicatrização.
Segundo especialistas, o método oferece menor risco de rejeição, já que a estrutura é formada a partir de tecidos do próprio paciente. No entanto, a recuperação da visão não é total: a expectativa é que o paciente consiga distinguir vultos e ler letras maiores, ganhando maior independência e autonomia no dia a dia.
A cirurgia foi descrita pela primeira vez em 1963 pelo italiano Benedetto Strampelli. Ainda assim, continua sendo considerada de alta complexidade e está restrita a casos específicos, como queimaduras químicas ou térmicas, doenças autoimunes que afetam a córnea, síndrome de Stevens-Johnson em estágio avançado e falência de células-tronco da córnea.
Apesar dos bons resultados relatados em países como Canadá e Itália, a técnica ainda não é realizada no Brasil, pois demanda mais estudos sobre riscos, custo-benefício e eficácia a longo prazo. Especialistas alertam também para as contraindicações, como pacientes com doenças graves da retina, glaucoma avançado ou olhos sem percepção de luz.
📸 Foto: Acervo pessoal/Greg Moloney
Fonte: g1 – Saúde