Como se as condições meteorológicas extremas deste ano já não bastassem, podemos esperar um cenário ainda pior no próximo ano, com mais inundações e aumento da incidência de secas. Isso continuará a prejudicar as colheitas agrícolas, os negócios e a economia, bem como ameaçar a vida das pessoas.
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Nos EUA, locais notáveis de enchentes até agora neste ano incluem San Diego, Carolina do Sul, estado de Nova York e Texas, de acordo com o site FloodList. E há ainda mais no exterior, incluindo Brasil, Paquistão, Emirados Árabes Unidos, Canadá, Reino Unido, Filipinas, Tailândia, Bangladesh e Quênia, de acordo com Climate Council.
Não são apenas chuvas torrenciais. O clima também proporciona condições extremas de calor e seca em muitas áreas. Estes incluem grandes partes de África, países do Sul da Europa, como Espanha, Malta, Itália, Grécia e Roménia; mais a América Latina, de acordo com a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica).
É improvável que esse clima monstruoso e com risco de vida pare. Na verdade, é mais provável que piore, danificando colheitas, perturbando o transporte e impedindo a construção. E ainda por cima prejudicando propriedades e talvez causando fome, dizem especialistas.
Em primeiro lugar, estamos no meio do chamado Grande Ciclo Solar mínimo, afirma Shawn Hackett, especialista em agricultura e clima, no seu recente boletim informativo Hackett Money Flow Report. É um momento em que o número de manchas escuras na superfície solar diminui.
Isso acarreta um sistema climático ondulante de corrente de jato altamente amplificado, levando a extremos climáticos extraordinários, como inundações, secas e temperaturas mais altas ou mais baixas do que o normal, escreve ele.
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Existem dois fatores extras, dados como certos, que deverão agravar os sistemas climáticos: há mais de 58 mil piscinas olímpicas, o equivalente a um aumento de 10% de vapor na atmosfera terrestre além do considerado normal, segundo a Nasa. O relatório Hackett explica mais detalhadamente:
“A erupção de Tonga, que ocorre uma vez a cada 1.000 anos, causou um evento climático raro, onde quantidades recordes de vapor de água foram lançadas na estratosfera, permitindo que grandes quantidades de umidade abastecessem sistemas de tempestade na forma de inundações épicas; levando também à mesma perspectiva recorde de calor decorrente das qualidades de gases de efeito estufa que fazem do vapor de água o garoto-propaganda desse mecanismo.” (esta erupção na ilha do oceano Pacífico aconteceu no dia 15 de janeiro de 2022 e lançou uma quantidade sem precedentes de vapor d’água na estratosfera, estimada em 150 megatoneladas)
Estas condições extremas normalmente levam cinco anos para chegar a um pico e cinco anos depois até voltar à normalidade. Isso aponta que há mais dois anos pela frente, antes que os padrões climáticos mais atrozes cheguem, escreveu Hackett.
O segundo fator é o ciclo de Gleissberg, que é, na verdade, são ciclos de 11 anos cada de manchas solares que geralmente, no total, duram cerca de nove décadas. Justamente no final do ciclo, que é onde estamos agora, as contagens máximas e mínimas de manchas solares são mais baixas do que o normal. A última vez que isso ocorreu foi há nove décadas, nos anos de 1930.
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“A década de 1930 experimentou um dos extremos de temperatura diurna mais quentes da história dos EUA”, escreve Hackett. Em outras palavras, espera-se que os altos e baixos do clima piorem nos próximos 24 meses.
Por sua vez, estes padrões climáticos potencialmente violentos ou extremos poderão prejudicar as colheitas de uma forma que poucas vezes se viu na história.
Os problemas que a humanidade já enfrenta incluem as inundações das plantações de arroz e soja no Brasil, bem como a primavera excepcionalmente chuvosa no coração do cinturão de grãos na França.
Separadamente, a Rússia Ocidental deverá registar temperaturas elevadas e secas, enquanto parte do Médio Oriente poderá registar inundações anormais.
*Simon Constable é colaborador da Forbes EUA e autor da coluna ‘Flashback Financeiro’ do The Wall Street Journal. Fellow do Instituto Johns Hopkins de Economia Aplicada, Saúde Global e Estudo Empresariais e ex-funcionário do Tesoureiro da General Motors. Também escreve para o Middle East Eye, TheStreet.com, The South China Morning Post, Barron’s, Time Magazine, MarketWatch e CityWire.
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