Questões referentes ao tapa dado pelo ator Will Smith no humorista Chris Rock durante a cerimônia do Oscar foram amplamente discutidas nesses dias. Deixando de lado o mérito da ação, digo, se merecido ou não, uma ação correta ou se exagerada, há outra pergunta crítica e pertinente que deveria ter sido feita nesse cenário: Por quê seguimos aceitando piadas relacionadas à aparência das pessoas?
Muito se falou e considerou-se absurdo o comentário relacionado a Jada Smith, esposa do ator Will Smith, por conta de seu diagnóstico, Alopecia, doença autoimune que causa perda de pelos. Contudo, se desconsiderássemos o aspecto médico e o diagnóstico, a “piada” se tornaria aceitável?
Quantas pessoas tem sua autoestima e saúde mental atacada diariamente por comentários e “piadas ácidas” como essa, que, embora travestidas de inocência, se mostram capazes de provocar danos graves, transcendendo aquilo que é objeto, divertir e alegrar as pessoas.
Vale a pena lembrar que, além desse caso que ganhou holofotes mundo a fora, outros casos receberam feedbacks negativos, a exemplo do emblemático caso ocorrido na Disney publicado pelo, à época, MC Gui.
Acredito que essa pode ser a oportunidade para refletirmos acerca do limite entre aquilo que é engraçado e o que é desrespeitoso, ofensivo ou inconveniente. Piadas relacionadas a aparência de pessoas causaram e continuam a causar danos, podendo ser classificadas como bullying, preconceito, discriminação e violência psicológica, dependendo de seu grau e frequência.
Portanto, ações dessa natureza, além de evitadas, devem ser recebidas com postura de tolerância zero para que, por fim, possamos diminuir a sua ocorrência, promovendo uma sociedade que acolha e respeite as diferenças.
Afinal, não queremos viver numa sociedade que resolva esses conflitos “no soco”. Que o bom senso esteja sempre presente.
BRUNA LIMA
Psicóloga e Sexóloga