Que a camisinha masculina é amplamente fornecida nos postos de saúde da família, acredito que você já saiba. No entanto, a política que envolve esse serviço levanta alguns questionamentos.
Precisamos reconhecer a efetividade da distribuição desse item. Não há, por exemplo, relatos de falta e os interessados podem adquiri-las com abundância, sem a necessidade de solicitar, estando à disposição de todos e, na minha experiência, sem olhares constrangedores dos servidores que os atendem.
Mas uma crítica precisa ser feita. As camisinhas não são exclusivas para homens e, em Pedro Leopoldo, só são fornecidos o modelo masculino. Isso traz problemas principalmente se lembrarmos que a função mais importante do preservativo é proteger as pessoas contra as IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e, nesse caso, resta uma pergunta:
Como ficam as mulheres que se relacionam com outras mulheres?
Por não haver o risco da tão temida gravidez indesejada, a preocupação sequer parece existir por parte do poder público e das próprias mulheres que, em sua maioria, desconhecem que podem contrair doenças e infecções em suas relações sexuais.
A saída para esse problema precisa atender dois fatores simultaneamente:
- O papel da conscientização, tanto quanto ao modo correto de utilização, quanto à importância do uso para evitar a contaminação de IST’s, tanto às lésbicas e bissexuais, quanto às heterossexuais que podem também se beneficiar com o uso desse produto.
- E a disponibilização do modelo feminino nos postos de saúde, inclusive, o incentivo durante o atendimento às mulheres em geral.
Afinal, assim como a proteção com a tradicional camisinha, a versão feminina é um produto a serviço da saúde pública e necessita receber mais atenção do poder público. Fornecer preservativos femininos é ampliar o acesso a saúde pública.
Bruna Lima
Psicóloga e Sexóloga