Quando falamos da cultura pop é impossível não pensar no papel que delegam às mulheres nesse mercado. De nada adianta ser boa naquilo que faz, se não for capaz de vender “sexo”, “sensualidade”, “padrão estético”.
Há a cobrança de que mulheres devam se comportar como se estivessem sempre disponíveis e dispostas ao sexo. Além disso, todo o figurino é pensado de forma a expor o máximo de pele possível, vulgarizando a mulher, ofuscando o seu talento artístico, objetificando seu corpo.
Muitos enxergam a situação como escolha feminina, demonstração de exibicionismo inato dessas mulheres, mas quando vemos um mercado sem diversidade e controlado por produtores, em sua maioria, homens, devemos perguntar:
Qual espaço é oferecido a quem não se encaixa?
Recentemente, o esporte também tem deslumbrado a importância desses questionamentos, com uniformes que objetificam e incomodam diversas mulheres, chegando ao ápice de algumas comissões terem que pagar multas para que suas atletas disputassem com peças maiores que calcinhas ou maiôs.
Assim como o exemplo da cantora Marília Mendonça, que levantou a bandeira contra a hiper sexualização, defendendo que estava ali para se apresentar como cantora e nada mais e que por isso recebeu diversas críticas referentes ao seu peso, figurino e aparência. Ainda assim, recebeu seu merecido reconhecimento e foi um case de sucesso, mas, ainda assim, é um caso entre sabe lá quantos.
Quantas meninas são rejeitadas por essa indústria por não terem o corpo correto, não se vestir de tal maneira ou desejarem um posicionamento diferente, onde sua sexualidade não seja colocada à venda?
E por quê isso é importante?
Bom, vejamos os casos da Melody e Larissa Manoela e enxergaremos nitidamente os reflexos dessa cultura. Adolescentes que parecem e se comportam como mulheres de 30 anos, influenciando a hiper sexualização de crianças e adolescentes de diversas gerações.
Questionar o status quo desse mercado é também lutar para ensinar às meninas que seus talentos não estão vinculados a sua sexualização, é mostrar que são muito mais que objetos sexuais.
Bruna Lima
Psicóloga e Sexóloga