Você imagina que todas as pessoas com transtornos depressivos não saem de casa, ficam no quarto escuro, não dão gargalhadas, não se divertem, não trabalham, não viajam? Aí que está o engano… Existem pessoas que acordam cedo, tomam banho, vão ao trabalho, entregamtudo no prazo, sorriem nas conversas, mostram-se alegres, postam nas redes sociais e, aos olhos do mundo, está “tudo bem” e “feliz, mas por dentro a luz está apagada. Há um cansaço persistente, uma falta de sentido, uma vontade constante de sumir, a vida está sem cor e sem brilho e muitas vezes já não sentem mais nada. Essa é a realidade silenciosa de quem vive com a Depressão Funcional.
Enquanto a depressão tradicional é muitas vezes associada à dificuldade de sair da cama, choro frequente ou isolamento extremo, a depressão funcional se esconde sob uma vida aparentemente normal. A pessoa funciona, mas sofre, e muito, trabalha, cuida dos filhos, interage socialmente, mas por dentro, está em ruínas.
Estes são alguns sinais que você pode estar ignorando:
•Sensação constante de esgotamento, mesmo sem motivo claro;
•Falta de prazer em atividades antes agradáveis;
•Automedicação (cafeína em excesso, álcool, ansiolíticos) para “dar conta”;
•Irritabilidade disfarçada de cansaço;
•Crises emocionais em silêncio, quando ninguém vê;
•Um sentimento profundo de desconexão ou apatia.
Esse tipo de depressão é traiçoeiro porque não “parece grave”, em alguns momentos, nem para a própria pessoa, nem para os que estão à sua volta. Por isso, passa despercebida, não é tratada, e vai se agravando até se tornar insustentável.
Vivemos em uma cultura que valoriza a performance acima do bem-estar. “Ela está sempre produzindo”, “Ele nunca reclama”, “Ela é forte”, e essas são frases que muitas vezes escondem o sofrimento invisível. O indivíduo com depressão funcional não se permite parar, por medo de julgamento, de perder o emprego, ou por não se sentir “doente o suficiente”, mas é justamente essa negação que faz com que o problema se prolongue, às vezes por anos, e se torna crônico.
Reconhecer os sinais é o primeiro passo. A depressão funcional é um quadro clínico sério e merece atenção e tratamento como qualquer outra forma de sofrimento psíquico. Buscar ajuda profissional não é sinal de fraqueza, é um ato de autocuidado e coragem. Psicoterapia, avaliação profissional e, em alguns casos, acompanhamento psiquiátrico para um tratamento medicamentoso podem ser fundamentais para sair desse ciclo.
Além disso, é ideal romper com a ideia de que “se está produzindo, está tudo bem”, o corpo e a mente sempre dão sinais e ignorá-los pode custar caro.
A depressão funcional é como um incêndio por trás da fachada, a casa parece intacta por fora, mas está pegando fogo por dentro. Se você se reconhece nesse texto ou conhece alguém que está assim, saiba que há saída, e você não precisa continuar lutando em silêncio, sem ajuda. Conte comigo!
Coluna: Psicóloga Isis Costa