Ferramentas de monitoramento de produtividade voltaram a ganhar destaque após o Itaú anunciar a demissão de cerca de mil funcionários, com base em registros de inatividade em computadores corporativos. Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o banco teria utilizado o programa XOne, que acompanha atividades como uso do teclado, mouse, acessos a sites e programas, além da participação em chamadas de vídeo e cursos online.
O XOne é instalado nos computadores corporativos e gera relatórios sobre a rotina digital de cada colaborador. A depender da configuração, pode mostrar tempo de inatividade, sites acessados e até a localização do usuário. Com esses dados, gestores têm acesso a painéis de produtividade das equipes.
Esse tipo de software não é exclusivo. Ferramentas como Time Doctor e Teramind também oferecem monitoramento detalhado, prometendo aumentar a eficiência e identificar fraudes em atividades remotas.
O uso desses recursos, no entanto, gera debates. A advogada trabalhista Luana Couto Bizerra explica que o monitoramento é permitido desde que seja informado de forma transparente, proporcional e com finalidade legítima. Ela ressalta que avaliar apenas movimentos de teclado e mouse pode distorcer a real produtividade, já que muitas tarefas não exigem interação constante com o computador.
O Itaú afirmou que as demissões foram precedidas de uma “revisão criteriosa” e que o monitoramento está previsto em políticas internas assinadas pelos funcionários, além de acordos com sindicatos. Já a entidade sindical criticou a decisão, alegando que não houve advertências prévias nem espaço para defesa dos trabalhadores, além de considerar que o banco desconsiderou a complexidade do trabalho remoto.
Foto: Divulgação/XOne — Fonte: g1