Ao nos aproximarmos do final de 2020, e a um ano desde o início do surto de COVID-19, os casos estão aumentando novamente. Aprendemos muito sobre SARS-CoV-2 e nossa habilidade para testar e gerenciar COVID-19 melhorou, mas um debate permanece sobre como o SARS-CoV-2 é transmitido.
Os vírus respiratórios são transmitidos de três maneiras principais. Primeiro por transmissão direta, quando alguém entra em contato direto com uma pessoa infectada ou toca em uma superfície que foi contaminada.
Em segundo lugar através da transmissão de gotículas respiratórias que contêm o vírus, o que ocorreria estando próximo de uma pessoa infectada.
Terceiro, por meio da transmissão aérea de gotículas e partículas menores que ficam suspensas no ar por distâncias e por tempo maiores do que a transmissão direta de gotas de saliva, como no exemplo acima, podendo ser inaladas.
Durante os estágios iniciais da pandemia, houve preocupação com a transmissão através de superfícies contaminadas. Entretanto, pesquisas recentes sugerem improvável ser esse um caminho importante de transmissão, apesar do SARS-CoV-2 persistir por dias em superfícies inanimadas.
As diretrizes de controle de infecção afirmam que a maioria das transmissões do vírus respiratório ocorre a partir de gotículas salivares produzidas pela respiração normal, tosse e espirro, quando em estreita proximidade com outra pessoa.
Este conceito sustentou o distanciamento social como a pedra angular dos conselhos de saúde pública, mas existe alguma confusão quanto à segura distância necessária entre as pessoas para reduzir a transmissão. A OMS sugere um metro, mas outros órgãos sugerem dois metros.
Para que o distanciamento social seja eficaz, partículas respiratórias infectadas precisariam cair no chão ou estar em concentrações baixas o suficiente a dois metros da fonte para não causar transmissão.
Patógenos são mais comumente encontrados em pequenas partículas de aerossóis (5 µm), que são transportados pelo ar e respiráveis. Evidências crescentes têm mostrado que microgotículas infecciosas são pequenas o suficiente para permanecer suspensas no ar e expor os indivíduos a distâncias superiores a dois metros de uma pessoa infectada.
Em 5 de outubro de 2020, o CDC americano atualizou sua página do COVID-19 para dizer que há evidências crescentes de que a infecção possa ocorrer a partir da exposição ao vírus no ar. Casos de transmissão ocorreram em pessoas com mais de dois metros de distância, mas em ambiente fechado e em espaços com pouca ventilação e, normalmente, com exposição a uma pessoa infectada por mais de 30 minutos.
O CDC foi claro ao apontar que a maioria das infecções são provocadas por contato próximo e que a transmissão pelo ar não é a rota primária de transmissão. Conforme o verão se aproxima no Hemisfério Sul, a oportunidade de socializar e o exercício ao ar livre tornam-se mais desafiadores e as preocupações são crescentes sobre o aumento do risco de transmissão da COVID-19.
Nesse contexto, é de suma importância aconselhar as pessoas sobre como lidar com riscos em ambientes fechados, e a consciência da importância de usar máscaras para viajar em transporte público, compras internas e encontros sociais.