A execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, em Praia Grande, acendeu novamente o alerta sobre a força do Primeiro Comando da Capital (PCC), hoje considerada a maior organização criminosa do país. O grupo, que nasceu em 1993 dentro da Casa de Custódia de Taubaté, se expandiu ao longo das últimas décadas e transformou-se de uma facção com 5 mil integrantes em São Paulo para uma máfia com cerca de 40 mil membros espalhados pelo Brasil e em outros 28 países.
Promotores que investigam o PCC apontam que o crescimento foi favorecido pela ausência do Estado, especialmente pela falta de controle do sistema prisional nos anos 1990 e pela demora das autoridades em admitir a existência do grupo. Apenas em 2006, após a onda de ataques contra forças de segurança no estado, o poder da facção passou a ser reconhecido oficialmente. Desde então, operações do Ministério Público e das polícias têm buscado enfraquecer a estrutura criminosa, mas a expansão continuou.
Atualmente, o PCC movimenta cifras bilionárias. Em 2010, arrecadava cerca de R$ 12 milhões por ano; hoje, esse valor ultrapassa R$ 5 bilhões com o tráfico internacional, sobretudo de cocaína para a Europa. A organização também diversificou suas atividades, passando a infiltrar-se em setores do Estado e a disputar contratos públicos, o que, segundo especialistas, é característico de máfias consolidadas.
O ex-delegado assassinado havia sido um dos responsáveis por mapear a estrutura da facção, contribuindo para prisões de lideranças como Marcola. Por sua atuação, passou a ser alvo constante de ameaças. Aos 64 anos, trabalhava como secretário em uma cidade da Baixada Santista quando foi morto a tiros, em 15 de setembro, duas décadas depois de prender o líder máximo do grupo.
Dados do Gaeco indicam que a facção mantém mais de 2 mil integrantes fora do Brasil, com forte presença no Paraguai e já infiltrada em presídios europeus. Promotores afirmam que o PCC se tornou um “polo atrativo” para criminosos que buscam uma rede estruturada, e alertam que sua capacidade de manter o controle das periferias é um dos fatores que permitiram a expansão para o tráfico internacional de drogas e armas.
O governo de São Paulo afirma que tem intensificado o combate ao crime organizado, investindo em tecnologia e inteligência, o que resultou na apreensão de drogas, prisões de líderes e recuperação de bens. Em nota, destacou que mais de R$ 1,1 bilhão foram aplicados desde 2023, e que operações conjuntas com o Ministério Público e a Polícia Federal resultaram em milhares de prisões e em prejuízos bilionários para a facção.
Já o governo federal, responsável pelo controle das fronteiras e pelo sistema penitenciário federal, não se manifestou até a última atualização da reportagem.
Fonte: g1 / GloboNews