o governo federal avalia a possibilidade de comprar o excedente da produção agrícola e pesqueira afetada pelo aumento tarifário de 50% imposto pelos estados unidos às exportações brasileiras. essa medida tem como objetivo distribuir esses produtos no mercado interno e amenizar os impactos econômicos negativos causados pela redução das vendas externas. frutas, café e pescados são alguns dos itens mencionados como prioritários para essa iniciativa.
para viabilizar a compra, a legislação precisará ser adaptada, possivelmente por meio de medida provisória ou projeto de lei, para permitir que governos estaduais adquiram esses excedentes. essa mudança alteraria o modelo tradicional de compras públicas, que atualmente prioriza o menor preço e reserva cotas para a agricultura familiar, passando a beneficiar produtores exportadores prejudicados pelas tarifas.
especialistas apontam que a medida terá maior eficácia em setores como a fruticultura, especialmente na manga, principal fruta exportada in natura para os estados unidos. o economista e professor josé luiz niemeyer, do ibmec-rj, destaca que o governo pode apoiar principalmente pequenos e médios produtores que enfrentam dificuldades, enquanto setores maiores do agronegócio têm mais facilidade para redirecionar suas vendas ao mercado interno ou a outros países.
outro especialista, jackson campos, reforça que produtos frescos e perecíveis que poderiam se perder na produção poderiam ser comprados pelo governo para evitar prejuízos, porém, carnes e produtos industriais enfrentariam desafios para serem absorvidos pelo mercado interno, devido às diferenças de qualidade e investimentos realizados para atender mercados internacionais.
essa estratégia, se adotada, visa garantir um suporte emergencial aos setores mais sensíveis às mudanças comerciais internacionais, com foco em evitar desperdícios e manter a atividade econômica, sobretudo dos pequenos produtores.
foto: imagem: vladislav noseek / shutterstock
fonte: reportagem de simon nascimento para o jornal o tempo, 11 de agosto de 2025
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