Mais de 700 pessoas que não são moradoras de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, já tentaram utilizar de alguma artimanha para receber a vacina contra a Covid-19 na cidade. A informação é do secretário municipal de Saúde, Weslei Ramos. A localidade, de cerca de 6,7 mil habitantes, está com a campanha avançada, aplicando doses em pessoas com 25 anos nesta semana – patamar que não é comparável com nenhuma das outras 34 cidades da Grande BH.
A situação vantajosa acabou trazendo problemas. “Desde o dia que conseguimos abrir para a vacinação por faixa etária, em 18 de junho, mais de 700 pessoas que não moram no município já procuraram a gente. Elas não receberam doses, mas é um desgaste explicar sempre a mesma coisa”, contou Weslei, lembrando que surgiram cidadãos com comprovantes de endereço de amigos e familiares de Confins e de pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), entre outros, mas sem de fato residirem no município.
“Uma moradora nos relatou que recebeu uma oferta para vender um comprovante de luz dela. Ela se recusou”, afirmou o chefe da Saúde da cidade.
Na prática, mesmo que a mulher tivesse comercializado o documento, a compradora do boleto não teria conseguido ser imunizada. O motivo é que, desde que o município iniciou a aplicação de doses por idade, os agentes foram orientados a solicitar não só um comprovante de endereço, como também o cadastro do morador no Cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Cartão do SUS é um cadastro oficial do Ministério da Saúde que informa, entre outras coisas, onde a pessoa reside. Mesmo usuários da saúde suplementar estão nesse questionário, explicou Ramos. Além disso, a cidade tem um diferencial provavelmente relacionado à pequena população: “os agentes conhecem a população que eles assistem em 100% da totalidade. Foi fácil identificar um grande quantificativo de pessoas que não residem no município e apresentaram comprovante de outras pessoas”, disse o chefe da pasta.
O gestor explica, no entanto, que uma pessoa que tem casa em Confins, mas reside em outra cidade, pode receber a vacina. Para isso, no entanto, precisa pedir a atualização do dado de moradia no Cartão do SUS, alteração que é feita somente após uma visita, sem agendamento, de um agente de Saúde à casa do interessado.
“O que mais atrapalha para nós é a tentativa de vacinar. A gente vê que um terço da fila acaba sendo de pessoas que não moram aqui. E que vão criticar, ameaçar, apresentar carteirinha da OAB. É um desgaste da equipe desnecessário. Só estamos fazendo o que é correto”, disse o chefe da Saúde de Confins.