O ano de 2022 será emblemático para o brasileiro: teremos 100% da população vacinada e eleições para presidente. Nas efemérides, comemoramos o centenário da Semana de Arte Moderna e o bicentenário da Independência do Brasil. No setor de turismo, a perspectiva é da realização do Carnaval, da retomada mais consistente das viagens e da reabertura da maioria das fronteiras internacionais aos viajantes.
É nesse clima de otimismo que nesta sexta-feira os governos de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal assinarão no Palácio das Artes, às 19h30, um termo de cooperação técnica para criar uma rota turística e cultural, a Via Liberdade, que se estruturará até 2025 na BR–040, uma das radiais mais importantes do país, que liga o Rio de Janeiro à capital federal, cortando Belo Horizonte e passando às margens de nove patrimônios históricos e naturais da humanidade.
O termo
O termo de cooperação prevê intercâmbio de ideias, roteirização dentro das especificidades de cada Estado, tendo como referência o patrimônio histórico, o turismo de aventura e a gastronomia, e busca conjunta de recursos para sinalização turística, inclusive com a criação de uma marca. No momento, equipes da Secretarias de Turismo dos três Estados e do Distrito Federal realizam o mapeamento da rota por meio digital.
“É uma cooperação entre a arte, a cultura e o turismo”, resume Leônidas Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, fazendo referência à comemoração das duas datas. Pelo percurso de 1.179 km – o que configuraria na maior rota turística da América Latina –, estão 307 cidades (241 em Minas Gerais, 49 no Rio de Janeiro, 16 em Goiás e uma no Distrito Federal) e mais de 2.000 atrativos.
Caminhos
A partir da BR–040, sairiam os Caminhos da Liberdade que interligariam a via a destinos turísticos famosos, como Ouro Preto, Mariana e Diamantina, à Rota Lund, Inhotim, à cidade de Goiás, à Chapada dos Veadeiros e ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O espectro artístico-cultural também é grande, embarcando desde o samba e a bossa nova ao Clube da Esquina e ao rock, à literatura de Guimarães Rosa e à poesia de Carlos Drummond de Andrade.
“São Paulo provocou a modernidade com a Semana de Arte Moderna, mas é na Via Liberdade que essa modernidade realmente acontece, seja na forma arquitetônica ou nas expressões artísticas”, enfatiza Oliveira. A nova rota, que poderia ser percorrida de carro ou bike, também combina com as tendências do turismo na pandemia – a valorização de destinos regionais, das viagens de carro, próximas de casa e em contato com a natureza.
Internacionalização
A rota surgiu de uma conversa entre os secretários em junho. “Nós nos reunimos algumas vezes e criamos uma comissão que vem trabalhando sistematicamente todas as segundas-feiras, organizando o mapeamento e o termo de parceria e ajustando um calendário único”, conta Oliveira. Outro ponto importante é o fator de internacionalização da via, de atração de turistas internacionais. “Esse é um produto com características internacionais”, afirma.
Na Via Liberdade estão quatro dos mais importantes e movimentados aeroportos do país – Galeão, Santos Dumont, Belo Horizonte (Confins) e Brasília. Há, então, a possibilidade do turista, além de contemplar o barroco e a modernidade, descobrir biomas diferentes (Mata Atlântica e Cerrado), atrativos diferenciados (praias, cachoeiras, parques, lagoas, grutas etc.), a diversidade de expressões culturais e de gastronomia. Para Oliveira, a Via Liberdade seria “a síntese de nossa brasilidade”.
A BR–040, ou Rodovia Juscelino Kubitschek, é pura história: um dos trechos faz parte da antiga Estrada União e Indústria, a primeira rodovia do Brasil pavimentada com a tecnologia macadame, que consiste na sobreposição de camadas de pedras de diferentes tamanhos, resultando um pavimento resistente e enxuto. Inaugurada em 1861 pelo imperador dom Pedro II, serviu para o transporte de mercadorias de Petrópolis para as cidades do Vale do Paraíba.