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Conheça o fentanil, droga que mata 70 mil pessoas por ano 

Por Dentro De Tudo:

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O fentanil é um medicamento com potência 100 vezes maior do que a morfina. Por conta disso, ele foi muito utilizado durante a pandemia de Covid-19 para o tratamento da dor intensa dos pacientes. Mas mesmo sendo uma substância tão conhecida, ela acabou se tornando um problema e já acende um sinal de alerta. O remédio da família dos opióides deve ser usado de forma restrita e sob orientação médica, mas tem sido utilizado como entorpecente.  

Nos Estados Unidos, o cenário já é de crise grave, com 70 mil pessoas morrendo por ano por causa do uso ilícito da droga. O perigo é tanto que o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos anunciou, na terça-feira (9), sanções econômicas contra Joaquín Guzmán López, filho de El Chapo, que é um dos principais traficantes de fentanil da região.

Segundo o professor Francisco Inácio Bastos, pesquisador titular do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o cenário no Brasil também é de alerta. Ele explica o que é fentanil e porque o uso indiscriminado causa preocupação.

“Fentanil é um opióide de uso médico com utilização bastante tradicional na medicina, restrito a quadros mais graves que exigem uma sensação analgésica maior. No contexto da Covid-19, foi uma ferramenta muito importante na questão da intubação e da ventilação mecânica. Mas exatamente por isso, ele deve ser usado de forma muito criteriosa.”

O professor explica que o uso do fentanil pode gerar efeitos severos no curto prazo, afetando a saúde física e psicológica. A longo prazo, pode haver dependência química e, em casos mais avançados, à morte. Segundo o professor, os efeitos do fentanil são muito mais fortes e pronunciados do que o de outras drogas famosas da mesma categoria, como a heroína.

“O efeito mais imediato e mais grave é a depressão respiratória, que pode ser fatal. Como efeito de médio prazo, é semelhante a dependência dos outros opióides como síndrome de abstinência grave, sudorese intensa, constipação intestinal e alterações respiratórias crônicas.”

O pesquisador relata que a maior preocupação hoje é com a existência de fábricas de produção ilícita do medicamento no Brasil. Ele relata a descoberta de duas fábricas de “fentanil sujo”, sem controle de qualidade, nas cidades de Cariacica (ES) e Campinas (SP). Ele defende uma série de ações coordenadas entre autoridades de Justiça e de Saúde para evitar que o uso do fentanil se torne uma situação ainda mais grave.

“As medidas que o Brasil vem tomando são corretas, como o controle e a realização de análises toxicológicas por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essas medidas são essenciais para você reduzir a oferta da substância, seja ela desviada do sistema médico ou fabricada de forma ilícita. Mas o mundo inteiro demonstra que também é preciso reduzir a demanda.”  

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) afirmou, em nota, que não há dados específicos sobre apreensões de fentanil no estado. Já a Polícia Civil afirma que a substância foi identificada em ampolas pela primeira vez em Minas Gerais em 2008. Em 2017, dois jovens de 19 anos morreram por causa do uso do fentanil em Conselheiro Lafaiete, na região Central do estado.

Fonte: Itatiaia.

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