O movimento “antitrampo”, que ganhou força nas redes sociais e fóruns como o r/antitrampo, está se tornando uma das principais vozes contra a atual organização do trabalho no Brasil. Este movimento busca transformar a maneira como a sociedade vê o trabalho assalariado, criticando especialmente a escala 6×1, que obriga os trabalhadores a terem apenas um dia de folga semanal.
O fórum, que já conta com 125 mil membros, se posiciona contra a exploração do trabalhador e propõe uma reorganização das relações de trabalho, com uma maior distribuição dos frutos da produtividade e mais autonomia para os indivíduos. O movimento defende que o trabalho não deve ser uma relação de subserviência e que o sistema atual, vinculado ao mercado, leva à produção de empregos que não atendem às necessidades humanas.
Muitos membros do fórum compartilham experiências negativas relacionadas à jornada de trabalho extenuante, como o modelo 6×1, que é amplamente criticado. “O negócio beira a escravidão”, declara um dos participantes, enquanto outros falam sobre o cansaço constante e a sensação de viver apenas para trabalhar.
O movimento também defende a redução da carga horária e é crítico do atual modelo de trabalho que, segundo os moderadores, leva ao adoecimento físico e mental, ao assédio e ao desencanto. O sociólogo Ricardo Antunes, da Unicamp, observa que o trabalho se tornou uma fonte de sofrimento para muitos, com a promessa de uma vida melhor que nunca chega. Segundo ele, a falta de controle sobre o próprio tempo e as jornadas extenuantes são fatores centrais para o desencanto dos trabalhadores.
O “antitrampo” também está ligado a movimentos como o VAT (Vida Além do Trabalho), que compartilham a ideia de buscar um modelo de sociedade onde o trabalho não seja um fardo, mas uma atividade voltada ao bem-estar e à satisfação pessoal.
O movimento, que reúne trabalhadores de diferentes ideologias, busca promover a união para pressionar por mudanças concretas nas condições de trabalho, com o objetivo de criar uma sociedade mais justa e equilibrada.
Fonte: Thiago Bomfim | UOL/FOLHAPRESS
Foto: Flávio Tavares/O TEMPO