O consumo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, macarrão instantâneo e bolachas recheadas, está ligado a aproximadamente 57 mil mortes anuais no Brasil, o que representa cerca de 10,5% de todos os óbitos no país. Esse levantamento foi divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 21 de novembro de 2024, e destaca que o impacto econômico desse consumo é de R$ 10,4 bilhões por ano, considerando os gastos com o Sistema Único de Saúde (SUS) e outros custos indiretos, como aposentadorias precoces e absenteísmo no trabalho.
O estudo, que focou em doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão, aponta que o Brasil enfrenta uma verdadeira “epidemia alimentar”, onde esses alimentos, ricos em sal, açúcar e gorduras saturadas, são responsáveis por diversas complicações de saúde. A Fiocruz alerta que, embora o estudo se baseie em dados específicos, o número de mortes pode ser ainda maior, uma vez que o levantamento não inclui todas as comorbidades associadas a esses produtos.
Além dos custos com o SUS, que somam R$ 933,5 milhões anuais, o estudo também aponta perdas econômicas com a morte prematura de trabalhadores em idade produtiva, totalizando R$ 9,2 bilhões. As taxas de mortalidade por consumo de ultraprocessados são especialmente altas em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A pesquisadora Marília Albiero, da ACT Promoção da Saúde, destaca que a reforma tributária em andamento no Brasil poderia ser uma oportunidade para implementar políticas públicas que favoreçam uma alimentação mais saudável. Ela defende a criação de um “Imposto Seletivo” sobre ultraprocessados, o que ajudaria a reduzir seu consumo e financiar políticas públicas de combate à fome e promoção da saúde.
Este estudo reforça a necessidade urgente de políticas públicas para reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, incluindo regulamentação do marketing, rotulagem nutricional e tributação mais alta sobre esses produtos.
Fonte: O Tempo | Foto: Pixabay