A conta de luz vai continuar pesando no bolso do consumidor, pelo menos, até o fim do ano que vem. Durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu que a previsão da autarquia para a inflação dos preços administrados, em 2021, de 4,27%, está acima das estimativas do mercado, de 3,5%.
O cenário traçado para os preços de serviços administrados incorpora uma projeção da bandeira vermelha nas faturas de energia até dezembro de 2021, ou seja, que haverá cobrança adicional na conta de luz.
O governo havia congelado as tarifas em maio, devido à pandemia do novo coronavírus, mas antecipou para este mês o reajuste e passou a utilizar a bandeira vermelha patamar 2, a mais cara do sistema elétrico, devido à queda no nível dos reservatórios e o aumento do consumo da população. Isso significou um acréscimo de R$ 0,06243 para cada kWh consumidos, ou R$ 6,243 para cada 100 kWh. Por conta disso, a energia elétrica é um dos principais fatores, ao lado do preço dos alimentos, que tem pressionado o custo de vida neste fim de ano.
O sistema de bandeiras tarifárias, utilizado pela Aneel, procura sinalizar para o consumidor o custo real da energia, induzindo o uso mais consciente do insumo. Quando a bandeira é verde, significa que não há maiores restrições ao consumo, porque os reservatórios estão cheios e a produção das hidrelétricas está normal. Bandeira amarela indica preocupação. Bandeira vermelha é sinal de alerta. Nesse caso, o custo de geração está bem mais alto. Foi o que aconteceu agora em dezembro. Com a estiagem prolongada, a geração das hidrelétricas diminuiu e o sistema acionou usinas termelétricas, que funcionam com gás ou com óleo diesel, e têm custo de geração mais elevado.
O cenário descrito pela autoridade monetária ainda prevê que o custo da energia continuará alto também em 2022.