A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) reduziu a captação de água no Rio das Velhas por causa da estiagem. Agora, conta mais com o Sistema Paraopeba para abastecer a Grande BH.
Segundo o diretor de Operações da Copasa, Guilherme Frasson, a situação do Rio das Velhas é a mais preocupante neste momento.
“Pra garantir uma vazão mínima para os Rio das Velhas, a Copasa já tem feito algumas ações operacionais de transposição do Sistema Paraopeba para a região do Rio das Velhas. Com isso, a gente já diminuiu a nossa produção no Rio das Velhas em torno de 500 litros por segundo o que garante bastante a vazão do Rio das Velhas”.
A companha tem feito o monitoramento dos níveis dos reservatórios e regulado a vazão de água. Frasson garante que não há previsão de racionamento nem desabastecimento para a Região Metropolitana.
“Não há o que se falar em racionamento. Nós estamos hoje com uma condição bem razoável. O Rio das Velhas merece uma atenção especial, daí a nossa preocupação, inclusive, em garantir uma vazão mínima, residual, para o ecossistema do Rio das Velhas abaixo da nossa captação”, completa.
O Rio das Velhas é o maior afluente em extensão da Bacia do Rio São Francisco. São mais de 800 quilômetros da nascente, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, até a cidade de Várzea da Palma, no Norte. Ele é responsável pelo abastecimento de cerca de 60% da capital mineira e de cidades como Sabará, Raposos e Sete Lagoas.
Outro importante sistema de abastecimento da Grande BH é o Paraopeba, composto pelo Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores. Apesar da estiagem, o nível desses reservatórios está acima de 80%, mesmo assim, a população precisa colaborar e manter o uso consciente da água.
“É o uso consciente da água, seja dos usuário da bacia, seja de todos da Região Metropolitana. Havendo o consumo consciente, sem desperdício, com certeza nós passaremos esta fase tranquilamente”, finaliza Frasson.
Situação mobiliza vereadores
A situação do abastecimento na Região Metropolitana de Belo Horizonte vai entrar em pauta na reunião da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal na próxima terça-feira (10).
A informação foi confirmada ao G1 pela vereadora Bela Gonçalves (Psol). Segundo ela, serão solicitados à prefeitura da capital e à Copasa detalhes da situação do Rio das Velhas e do abastecimento na região Metropolitana.
“Com o sistema das Velhas em situação alarmante, a segurança hídrica de Belo Horizonte está ameaçada. E não é só por causa da seca. Se estão retirando mais do que o permitido, você mata o rio. Nos leva a pensar se a captação não está num nível muito alto. Precisa investigar se a captação por parte das mineradoras não está ocorrendo além do permitido”, falou.
A situação pode ficar ainda mais preocupante porque as obras de captação do Sistema do Paraopeba, que são feitas pela Vale desde outubro de 2019, após a tragédia de Brumadinho, ainda não estão prontas. A primeira previsão de conclusão era setembro de 2020.
“As obras que deveriam ficar prontas depois do crime da Vale ainda não estão prontas. Fizemos visita técnica lá no início deste ano, quando nos foram apresentados novos prazos. Mas a gente já tinha visto que estava longe de ficar pronto”, disse a vereadora.
Segundo a Vale, ajustes finais estão sendo realizados neste momento e, assim que terminarem, começará o bombeamento da água. O processo será realizado em etapas, começando com volume de mil litros por segundo, até alcançar 5 mil litros por segundo, mesma vazão da captação suspensa.
Ainda de acordo com a mineradora, um conjunto de ações complementares foram implantadas para fortalecer o sistema hídrico, como a reativação de grandes poços do vetor Norte e interligação de parte dos sistemas Velhas e Paraopeba. Segundo a Vale, esta interligação vai permitir “o aumento da transferência de água entre os dois sistemas, além de estudos e desenvolvimento de novos projetos em andamento para a segurança hídrica da RMBH”.
