Faltando poucos dias para a realização do Cortejo para Iemanjá, programado para o dia 2 de agosto na orla da Lagoa Central, em Lagoa Santa, a incerteza quanto à liberação do alvará por parte da prefeitura tem gerado questionamentos e denúncias de possível intolerância religiosa. O evento, que já teve três pedidos de alvará negados, reunirá 16 terreiros de Umbanda e Candomblé da cidade e região para homenagear a orixá das águas.
O encontro será realizado na Praça do Marinheiro, próximo ao antigo Iate Clube, e promete reunir fiéis e admiradores da cultura afro-brasileira em um cortejo com cânticos, oferendas, flores e objetos sagrados da “Rainha das Águas”. A proposta do evento é celebrar Iemanjá, símbolo da maternidade, fertilidade e proteção, reverenciada como divindade central nas religiões de matriz africana.
De acordo com o Pai Erlon Câmara, sacerdote do Templo Cabana Caboclo Pedra Branca e um dos organizadores do cortejo, a dificuldade em conseguir apoio público para o evento revela um tratamento desigual. “Não estamos pedindo privilégios, apenas o mínimo de respeito e apoio. A rua é um espaço público, e as religiões de matriz africana também fazem parte da identidade cultural do nosso povo”, declarou.
Apesar dos entraves, na última quarta-feira (23), um grupo de cerca de 30 integrantes de terreiros realizou um pequeno cortejo simbólico no local para uma sessão fotográfica ao pôr do sol. Vestidos de branco, reverenciaram Iemanjá diante das águas, como forma de resistência e fé.
A celebração contará com a participação de casas tradicionais, como a Cabana Caboclo Pedra Branca, Ilê Templo de Yemanjá, Casa de Caridade Vó Zianna, Ilê Ifá Ogunda’di Asé Obatálà, Terreiro de Umbanda Caboclo 7 Matas (Jaboticatubas), entre outras. As oferendas incluem flores de lavanda, alfazema e elementos que representam a ancestralidade e a devoção à orixá.
Iemanjá, na tradição iorubá, é a mãe de todos os orixás e protetora das famílias, mulheres grávidas e dos mares. No Brasil, foi sincretizada com Nossa Senhora e é celebrada em diversas datas, sendo o 2 de agosto uma das principais em Minas Gerais.
A comunidade religiosa segue aguardando uma resposta definitiva da prefeitura para viabilizar a realização plena do evento, que representa não apenas uma manifestação de fé, mas também um ato de preservação cultural e resistência religiosa.
Foto: Carlos Altman / EM
Fonte: Estado de Minas
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