Especialistas afirmam que o uso de máscara deveria ser recomendado e, em alguns casos, até mesmo obrigatório em Belo Horizonte diante do aumento no número de casos de Covid-19 na capital mineira. Quando comparados os diagnósticos da doença na primeira e na última semana de outubro, houve um salto de 225%. Conforme o boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, foram 502 casos confirmados entre os dias 25 de outubro e 1° de novembro. O número é três vezes maior que a quantidade confirmada entre os dias 5 e 11 de outubro, com 154.
Em Santa Luzia, na região metropolitana, voltou a ser obrigatória a utilização do equipamento de proteção em funcionários e pacientes de unidades de saúde públicas e privadas, pessoas sintomáticas ou potencialmente em contato com transmissores, pessoas com resfriado e gripe, pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto e imunossuprimidos.
“O aumento no número de casos está acontecendo em diversos lugares. Eu acho que as máscaras deveriam voltar a ser obrigatórias para as pessoas com comorbidades e aquelas mais vulneráveis. Neste momento, deve-se evitar ambientes fechados e muito aglomerados. Caso não dê para deixar de ir nesses espaços, use máscaras”, afirmou Carlos Starling, médico infectologista que compôs o extinto Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Quem também defende o retorno do uso de máscara é o infectologista Estêvão Urbano, que integrou o comitê do Executivo municipal. “Na visão puramente científica, sim, deveria voltar o uso em locais específicos, como os ambientes fechados e com aglomerações. O cenário de BH é parecido com o de Santa Luzia. No entanto, sabemos das dificuldades de adesão da população, mas defendo o uso da máscara, principalmente para aqueles que têm contato com idosos e imunossuprimidos, além desta parcela da população”.
Urbano destacou que a recomendação de máscaras é algo de “bom tom”. “Posteriormente, com a melhora dos indicadores, a recomendação será revista. Não é algo definitivo”, destacou. Starling, por sua vez, classificou como “muito coerente” a decisão do Executivo municipal de Santa Luzia. “Se verificou o aumento na incidência de casos, tem que fazer a recomendação e até a obrigatoriedade. É uma questão de responsabilidade social”.
Importância da vacinação
O atual cenário epidemiológico reforça a necessidade de as pessoas atualizarem o esquema vacinal contra a Covid-19. O percentual de pessoas vacinadas com a primeira dose da vacina contra o coronavírus, em Minas Gerais, é de 86,60%, enquanto apenas 26,78% receberam a chamada quarta dose (ou segunda de reforço).
“As pessoas simplesmente ignoraram o vírus. É lamentável tudo isso. Parece que as pessoas não aprenderam com nada do que vivemos nos últimos três anos”, afirmou Starling. A não atualização da caderneta de vacinação se dá por dois motivos, conforme analisa Urbano: desinformação e a redução no número de casos e mortes.
“O ambiente de notícias falsas afastou as pessoas dos postos de saúde. Muitos acreditaram nos relatos de efeitos colaterais da vacina, que são esperados em qualquer imunizante. As pessoas deixaram de vacinar também pela melhora do cenário, quando comparado com o período mais crítico”, finaliza Urbano.
PBH
A PBH foi procurada pela reportagem e informou que mantém o monitoramento diário da situação da Covid-19 na cidade. “O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) realiza o acompanhamento das suspeitas novas variantes precocemente para orientar as medidas a serem adotadas, se preciso”.
“O município também reitera o compromisso com a saúde da população e recomenda o uso de máscaras para pessoas imunossuprimidas ou com sintomas da doença”, esclareceu em trecho do posicionamento encaminhado à reportagem.
Fonte: O Tempo.