Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara, São Paulo, revelou que a Covid-19 pode afetar a produção de testosterona, um hormônio essencial para o corpo humano. Os pesquisadores descobriram que uma proteína se liga ao vírus, que se multiplica e se espalha, resultando na diminuição da quantidade desse hormônio no organismo.
Além disso, a investigação revelou que os pacientes infectados apresentaram uma queda nos níveis de colesterol, especialmente no HDL, conhecido como colesterol bom, que desempenha um papel importante na prevenção do acúmulo de gordura nas artérias. O pesquisador André Acácio Souza da Silva explicou que algumas proteínas relacionadas ao metabolismo lipídico estavam em níveis elevados. Isso indica que o vírus faz com que a célula interrompa a produção de testosterona e utilize a maquinaria lipídica para replicar-se.
André também ressaltou que essa situação pode ajudar a explicar por que mais homens morreram devido à doença em comparação com as mulheres, que também produzem testosterona, mas em menor quantidade. Ele afirmou que os homens têm uma maior expressão do receptor IC2, que facilita a entrada do vírus nas células.
O autor do estudo, Salmo Azambuja de Oliveira, destacou que a redução da testosterona pode resultar em problemas de saúde para os homens, incluindo a infertilidade. Ele explicou que a testosterona é fundamental para a formação de espermatozoides saudáveis e que a queda nos níveis desse hormônio prejudica a espermatogênese, o processo de produção de espermatozoides.
Além da fertilidade, a testosterona desempenha diversas funções no corpo masculino, como a manutenção da força muscular, a saúde do sistema imunológico e o bom funcionamento do coração. A pesquisadora Estela Sasso Cerri acrescentou que homens que tiveram Covid-19 devem passar por uma avaliação do perfil hormonal.
A pesquisa, publicada na revista científica internacional Frontiers, agora busca identificar medicamentos que possam mitigar os efeitos da Covid-19 sobre a produção de testosterona. O pesquisador mencionou que já existem estudos que indicam a eficácia de certos fármacos que inibem a proteína responsável pela ativação do metabolismo lipídico, o que poderia, em teoria, inibir a replicação viral nas células produtoras de testosterona.
Crédito da foto: Leandro Vicari/EPTV. Fonte: g1.