A pandemia está com alguns dos melhores índices epidemiológicos desde 2020 – os casos diminuíram 16% no mundo, e as mortes, 43%, na última semana, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Governo após governo flexibilizam regras, desobrigando até o uso de máscaras em locais fechados, em uma medida que parecia improvável há poucos meses. No Brasil, todos os Estados aboliram o equipamento de proteção. Como a escolha se torna, cada vez mais, uma decisão individual, especialistas aconselham a manutenção da máscara para integrantes de grupos de risco para o agravamento da doença.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Associação Médica Brasileira (AMB) divulgaram nota em que listam grupos que ainda devem privilegiar o item de segurança: pessoas com imunossupressão, como quem vive com HIV, está em hemodiálise ou tratamento contra o câncer; gestantes com ou sem comorbidades; pessoas com mais de 60 anos, principalmente os maiores de 70; idosos que tenham doenças crônicas; e os não vacinados ou com vacinação incompleta, incluindo aqueles que, convocados, não tomaram a terceira dose.
Pessoas com sintomas gripais – de uma simples garganta dolorida à dificuldade para respirar – também precisam manter a máscara pelo bem de todos ao redor. A orientação vale, ainda, para quem tenha contato com pessoas sintomáticas, inclusive no trabalho, como os profissionais da saúde.
“Nesse caso, seria quase obrigatório usarem máscara, principalmente em serviço de saúde. Em hospitais, postos de saúde, UPAs, laboratórios de exame clínico ou de imagem, todas as pessoas também devem utilizar máscara, porque isso aumenta muito a proteção de todos os que buscam atendimento com a condição de saúde mais fragilizada”, detalha o infectologista Unaí Tupinambás. Ele assessorou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) durante os momentos mais difíceis da pandemia.
A SBI e a AMB também reforçam que todos devem continuar utilizando o item de segurança em locais com aglomeração, sejam abertos ou fechados, como pontos de ônibus lotados, lotéricas em horário de pico e ruas de grande fluxo comercial.
A eficácia das máscaras diminui se, no contato entre duas ou mais pessoas, apenas uma estiver utilizando o item. Por isso, a população deve utilizar o item quando estiver próxima a quem tem maior tendência de agravamento da Covid-19, como gestantes e idosos.
Depois de ponderar que é difícil contar com o bom senso alheio, o integrante do Observatório Covid-19 BR Vitor Mori, doutorando em medicina na Universidade de Vermont (EUA), aconselha aos mais vulneráveis o uso de máscaras de melhor qualidade. As do tipo PFF2 são as mais indicadas nesse caso: “Elas garantem um nível maior de segurança ao usuário, mesmo que as pessoas ao redor estejam sem o item”.