osualdo Euzébio Silva*
O covid deixou de ser considerado uma pandemia, contudo, o número de casos, mesmo após vários anos, voltou a crescer, apresentando diversos picos e gerando uma situação de alerta. Os sintomas já não são considerados tão assustadores, porém é preciso manter a atenção com os outros problemas decorrentes, como o comprometimento da saúde vascular, situação já comprovada em pesquisas.
Diversas pessoas diagnosticadas com o vírus apresentaram casos de trombose venosa ou arterial. Alguns estudos como o da Universidade de São Paulo (USP), publicado no Journal of Applied Physiology, apontaram uma relação através da identificação da trombose em pequenos vasos do pulmão, sendo uma complicação da patologia em ocorrências graves.
A condição é decorrente da formação de um ou mais coágulos nas veias ou artérias, comprometendo o fluxo sanguíneo por bloquear a passagem adequada do sangue.
A trombose arterial é considerada mais rara, porém, também é a mais grave, porque a função das artérias é levar sangue para os tecidos e a baixa oxigenação dos órgãos causa gangrena. Como os sintomas são silenciosos, é difícil identificá-los com tempo suficiente para realizar o tratamento, sendo a dor aguda a indicação que algo está errado. O risco está no infarto, acidente vascular cerebral ou AVC.
Já a trombose venosa é menos perigosa, mas apresenta riscos. Os membros inferiores são os mais acometidos, devido à circulação mais lenta, obrigando o líquido a permanecer mais tempo parado, antes de retornar ao coração. A condição também ocorre nos membros superiores.O risco da trombose venosa está no desprendimento do coágulo com movimentação em direção ao pulmão, causando a embolia pulmonar e pode ser fatal. Os principais sintomas são dor no peito, falta de ar e até tosse com presença de sangue.
Os sinais arteriais mais característicos são dor, palidez, coloração azulada (principalmente nos dedos), falta de pulsação e formigamento. Já na ocorrência de origem venosa acontece inchaço no membro acometido, seguido da alteração de temperatura, cor da pele (que se torna mais avermelhada ou roxa), sensação de queimação, peso e dor, principalmente ao se movimentar.
Além do covid, existem ainda outros fatores de risco, como a genética, um estilo de vida sedentário, alimentação ruim (cheia de gorduras), colesterol alto, obesidade, varizes, ser hipertenso, ter mais de 40 anos, fumar, fazer uso de anticoncepcionais, ter passado por cirurgia ou qualquer outro procedimento que requer repouso. Um exemplo está no caso de pacientes diagnosticados com covid que foram internados nas Unidades de Terapia Intensivas (UTIs).
*Médico cirurgião vascular, membro titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular