Várias cidades mineiras já concluíram o ciclo de vacinação contra a Covid-19 de toda a população com mais de 18 anos com a primeira dose, e o mesmo deve acontecer com todos os municípios mineiros nas próximas semanas. Mas isso não quer dizer que o vírus vai deixar de circular entre a população, ainda mais por conta da propagação da variante delta entre os moradores do Estado.
Os principais cuidados não farmacológicos continuam sendo recomendados, como uso de máscaras da maneira correta, distanciamento social e higienização das mãos. Mas as atividades econômicas foram retomadas de forma mais intensa, e especialistas em medicina diagnóstica reforçam que a testagem ainda é uma aliada importante para rastrear possíveis casos positivos e evitar a transmissão, até mesmo entre assintomáticos.
Fernando Mesquita, biomédico e gerente de novos negócios da Labtest Diagnóstica, afirma que a testagem periódica ou pontual (em casos de eventos, por exemplo) é importante para mitigar a propagação do vírus. Segundo ele, o mercado hoje oferece um número variado de exames, que podem ser usados conforme a estratégia específica para cada empresa ou evento, sendo que a escolha depende da assistência de um profissional de saúde.
“Mesmo com a vacinação ocorrendo e já tendo uma porcentagem considerável da população vacinada, a gente precisa entender que, como em qualquer vacina, (esse imunizante) não é barreira física que impediria contato do vírus com a pessoa. E, infelizmente, esse vírus continua muito presente em nossas vidas”, afirma Mesquita. “Na tentativa de minimizar essas infecções, existem as testagens periódicas ou de segurança, com a intenção de buscar zonas livres de Covid, o que é interessante para eventos, por exemplo”.
O RT-PCR continua sendo o principal instrumento de rastreamento do vírus, mas o de antígeno oferece mais acessibilidade em testagens em massa, por ser mais barato e com resultado mais rápido. Há ainda teste molecular feito por meio de saliva, permitindo que a pessoa testada não precise sair de casa para coleta de material. Há ainda os testes sorológicos, mas estes não são recomendados para diagnóstico.
Testagem: caminho longo
A médica patologista Paula Távora, diretora do Laboratório i9med, alerta que a sociedade brasileira ainda tem um longo percurso para atingir um percentual mínimo de 75% da população com esquema vacinal completo – dose única da Janssen ou duas doses de Coronavac, AstraZeneca ou Pfizer – para começarmos a pensar em controle da doença.
Em Minas, até o momento, quase 84% da população adulta recebeu ao menos uma dose, mas somente 38,31% desse público completou o esquema vacinal.
De acordo com a médica, o processo de testagem deve ser feito para oferecer segurança a pessoas não vacinadas (como crianças e adolescentes) ou imunizadas com apenas uma dose em espaços onde ocorre interação social. Ainda mais em um momento de transmissão comunitária da variante delta, que se mostrou mais contagiosa entre pessoas que não encerraram o esquema vacinal.
“A testagem é necessária porque, mesmo vacinados, estamos sujeitos ao estado de portador do vírus. Eu posso ficar sem sintomas da doença, mas posso ter a colonização do Sars-Cov-2 na minha nasofaringe ou na minha saliva. Por isso é importante fazer a testagem antes de encontros sociais, corporativos ou até escolares”, explica. Mas a população precisa compreender que a testagem é uma das estratégias de mitigação da transmissão do vírus, e não o único.