O neonazismo em Minas Gerais aumentou em 900% nos últimos quatro anos, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Em 2023, foram abertos 10 inquéritos contra apenas um em 2019. Este crescimento reflete uma escalada de violência e ódio, com casos frequentemente envolvendo jovens.
Sérgio da Mata, historiador da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), alerta que a presença crescente de grupos extremistas em Minas Gerais é preocupante e sinaliza uma perda de valores de tolerância e inclusão. Recentemente, um jovem de 24 anos em Belo Horizonte foi detido com itens relacionados ao nazismo. Outros incidentes ocorreram em escolas e faculdades, como pichações na Escola Municipal José Silvino Diniz em Contagem e na UEMG em Divinópolis.
Beatriz Brusantin, historiadora social, explica que a vulnerabilidade dos jovens, em busca de identidade, facilita sua cooptação por grupos extremistas. O fenômeno é agravado pela polarização política e o ambiente de ódio crescente.
A Polícia Federal também registrou um aumento nas investigações de neonazismo em todo o Brasil, com 37 inquéritos em 2023 contra 9 em 2022. Este ano, a PF já abriu seis inquéritos até março, um deles na Zona da Mata mineira. Em resposta, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) iniciou uma colaboração com a ONU para enfrentar o problema.
Carlos Nicodemos, relator especial do CNDH, destaca a necessidade de políticas nacionais de enfrentamento ao neonazismo e uma atualização no conceito do crime. A influência das redes sociais, com políticas facilmente violáveis, facilita a disseminação de ideologias extremistas, premiando postagens de ódio com engajamento.
A relatoria do CNDH aponta três indicadores críticos: a ausência de uma política nacional eficaz contra o neonazismo, um conceito desatualizado de neonazismo e a necessidade de melhorias na responsabilização dos criminosos. Nicodemos enfatiza que a criminalização é dificultada pela compreensão limitada do neonazismo como aversão apenas aos judeus.
Ainda há muito a ser feito para enfrentar e mitigar a crescente ameaça do neonazismo em Minas Gerais e no Brasil.
Foto: Polícia Civil/Divulgação