A pandemia de COVID-19 não acabou e Minas Gerais vive uma alta nos casos de dengue. Até terça-feira, foram registrados 13.143 casos prováveis de da doença no estado, sendo que 5.112 infecções e uma morte já foram confirmadas. Além disso, sete óbitos estão em investigação. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), ontem. Comparando com o boletim de sete dias atrás, divulgado no dia 16 de março, os casos aumentaram significativamente. Naquela data, Minas tinha registrado 10.322 casos prováveis, sendo 3.885 confirmados para a doença. O número de óbitos confirmados não teve alteração. Há uma semana, seis mortes estavam em investigação.
Na capital mineira, até o dia 17 de março, 111 casos de dengue foram confirmados. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, há 825 notificações e resultados são aguardados. Já o número de casos investigados e descartados chega a 820. Apesar de abaixo do registrado em relação ao ano de 2021 – onde de janeiro a março foram confirmados 510 casos –, o número de infecções deste ano já representa cerca de 10% dos registrados no ano passado, no qual 1.055 casos de dengue foram confirmados.
Os casos de dengue também aumentaram nas outras regiões do Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2 de janeiro e 12 de março, foram confirmados 161.605 casos prováveis de dengue, a taxa de incidência é de 75,8 casos a cada 100 mil habitantes. Ainda de acordo com o ministério, em comparação com o ano de 2021, houve uma alta de 43,9 % de infecções registradas para o mesmo período analisado.
A Região Centro-Oeste apresenta a maior taxa de incidência de dengue, com 204,2 casos a cada 100 mil habitantes. Em seguida, as regiões Norte, com 97,4 casos a cada 100 mil cidadãos. Sudeste tem 47,9 casos a cada 100 mil habitantes e a região Sul, com 49 casos a cada 100 mil pessoas. Nordeste com 31 infecções a cada 100 mil. Das cidades que apresentam os maiores registros de casos prováveis, Goiânia (GO) lidera o ranking nacional, com 16,6 mil casos de dengue. Em seguida fica Brasília, com mais de 10,6 mil notificações.
Clima
As condições ambientais são fatores determinantes para proliferação do mosquito infectado. O período chuvoso seguido da onda de calor no estado de Minas Gerais pode contribuir para o cenário epidêmico. O epidemiologista Geraldo Cunha Cury, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), alerta a população sobre as medidas que podem ser tomadas em casa. “As pessoas devem se preocupar em buscar os focos, principalmente dentro das casas. Aguinha no vaso, planta, a lata que fica virada e acumula água, a garrafa aberta, tudo isso são medidas que cada um pode observar em casa e ajuda muito para que o número de casos não vá aumentando”, pontua.
O especialista também comenta a falta de campanhas educacionais sobre a dengue. “É importante relembrar que a dengue é um problema permanente. Choveu, acumulou água, veio o calor, aparece a dengue, é um ciclo que se repete todo ano. Não estamos tendo campanha. A população fica atenta quando começa a falar na televisão, no rádio, ‘vê se tem água acumulada em casa, etc’, aí você consegue trabalhar esse problema”, declara.
“Com a COVID, as pessoas esqueceram que existe a dengue, mas quem tem que fazer isso é a prefeitura, o estado, o Ministério da Saúde, é que tem que lembrar a população disso”, completa. Apesar da falta de campanha, Geraldo pontua a iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte com o projeto Wolbachia e afirma que é uma experiência interessante.
A Wolbachia é um microrganismo intracelular e não pode ser transmitida para humanos ou animais. Ou seja, mosquitos que carregam o microrganismo, têm a capacidade reduzida na transmissão das arboviroses, diminuindo assim, o risco de surtos de Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela. O projeto Wolbachia é uma parceria entre a PBH, a World Mosquito Program (WMP) – iniciativa sem fins lucrativos que é responsável pelo método Wolbachia – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e tem apoio do Ministério da Saúde.
Em outubro de 2020, a SMSA começou a realizar soltura dos mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia. Os trabalhos começaram na Regional Venda Nova e hoje são realizados nas 9 regionais. O projeto conta ainda com uma biofábrica para a produção dos mosquitos com Wolbachia. Para a implantação do método, a Prefeitura construiu, com recursos próprios, uma biofábrica que produz Aedes com Wolbachia. O método está presente em 11 países, sendo que Belo Horizonte é a primeira cidade do mundo que conta com local próprio. Cabe ressaltar que esse método não envolve qualquer modificação genética do vetor Aedes aegypti”, explicou a Secretária Municipal de Saúde de Belo Horizonte por nota.