Dez anos após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, a lama de rejeito de minério continua causando impactos ambientais e sociais devastadores. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelaram, em um estudo recente, que as áreas de mata ciliar do Rio Doce, atingidas pelo rejeito, sofreram uma redução de até 50% no número de tipos de árvores adultas e 60% nas mudas. O impacto não se limita à diminuição das espécies, mas também compromete a resistência da vegetação às mudanças climáticas e a invasão de espécies exóticas.
O estudo, publicado na revista Anthropocene, identificou as mudanças na composição e diversidade de espécies vegetais ao longo de 30 pontos da mata em 12 municípios. Segundo o pesquisador Geraldo Fernandes, a perda de biodiversidade tem consequências graves, afetando também os animais que dependem dessas plantas para sobreviver.
Além do impacto ambiental, o estudo destaca a urgência de políticas públicas para a recuperação da região e a sustentabilidade das comunidades afetadas. Produtores rurais, como Miguelito Teixeira, em Conselheiro Pena, sofrem com os danos contínuos. O agricultor relatou que, a cada cheia do Rio Doce, o rejeito de minério se espalha novamente, comprometendo os esforços de recuperação do solo e causando perdas econômicas e sociais.
O desastre de Mariana, ocorrido em 5 de novembro de 2015, foi a maior tragédia ambiental da história da mineração, afetando milhões de pessoas e provocando mortes. O impacto ainda persiste, com consequências irreversíveis para o meio ambiente e para as comunidades locais.
Fonte: Arquivo pessoal