Empreender costuma ser uma missão desafiadora para quem sonha em ser patrão, mas, quando se é mulher, as dificuldades são ainda maiores. Às barreiras comuns a todos – como a alta carga tributária, a burocracia, a inexperiência com gestão e a concorrência acirrada –, soma-se um pacote de novos desafios, como a jornada dupla, a maternidade e a cultura machista. Por isso, neste 19 de novembro, Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, mulheres no comando de variadas iniciativas empreendedoras afirmam que há muito o que comemorar, mas também tem bastante para avançar. Segundo estimativas da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), uma pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBPQ), as mulheres empreendedoras já somam atualmente mais de 30 milhões no país.
O estudo mapeou o perfil da mulher empreendera. Ele aponta, por exemplo, que quase 60% das empreendedoras iniciais, com máximo 3,5 anos no mercado, atuam em seis atividades principais: serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada (17,9%), cabeleireiras (10,6%), comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (10,5%), confecção de peças de vestuário, exceto roupas íntimas (7,3%), restaurantes (5,8%) e varejo de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal (4,7%), sendo que confecção de roupas e varejo de cosméticos e similares só foi citado por mulheres. Segundo o relatório, os homens que empreendem citam 14 principais atividades exercidas no mercado.
“O empreendedorismo feminino tem suas próprias características. Elas têm que enfrentar o preconceito estrutural e múltiplas jornadas. Elas ainda são reconhecidas como as responsáveis pela criação dos filhos, tarefas domésticas, cuidados com os idosos e doentes da família. Se ela estiver competindo com um empresário, terá muito menos tempo e energia para investir no seu negócio”, ressalta Rachel Dornelas, analista do Sebrae Minas.
Para ela, além da sobrecarga, as mulheres são submetidas a estereótipos sociais. “O homem é educado a se arriscar em uma carreira empreendedora, mas, quando a mulher ousa a fazer o mesmo, muitas vezes escuta que negociação, finanças e matemática não são ‘coisa para mulher’. Ou seja, além dos desafios que ela precisa lidar, ela é alvo desse tipo de sabotagem emocional. Isso pode ser quase que definitivo e pode levar, inclusive, à desistência”, diz.
Em BH, dos 241.052 MEIs registrados na Receita Federal, 46,6% são mulheres, com destaque para cabeleireiras (16.453) e alimentação preparada para consumo domiciliar (6.016)