Diagnóstico precoce pode mudar a vida de milhares: 8 mil bebês são diagnosticados com paralisia cerebral por ano no Brasil

Por Dentro De Tudo:

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Especialista alerta para importância da detecção antecipada e destaca riscos ligados à prematuridade e baixo peso ao nascer

No Dia Mundial da Paralisia Cerebral, um levantamento do Registro Brasileiro de Paralisia Cerebral (RB-PC) trouxe dados que chamam atenção para a dimensão da condição no país e para a importância do diagnóstico precoce. A paralisia cerebral (PC) é a deficiência motora mais comum da infância, atingindo cerca de 18 milhões de pessoas no mundo, segundo a World Cerebral Palsy Guide.

No Brasil, estima-se que 500 mil pessoas, entre crianças e adultos, convivam com a condição. Somente entre 2024 e 2025, cerca de 8 mil bebês e entre 1,2 mil e 1,5 mil crianças em idade pré-escolar receberam diagnóstico de paralisia cerebral. O tipo espástico, caracterizado pela rigidez e dificuldade nos movimentos, representa 74,9% dos casos, número alinhado à média global de 80%.

De acordo com o neurologista Philipe Marques Cunha, da Afya Educação Médica de Belo Horizonte, a paralisia cerebral é um grupo de distúrbios que afetam o movimento e a postura, resultantes de lesões ou anormalidades no cérebro em desenvolvimento, geralmente ocorridas antes, durante ou logo após o nascimento.

“Essa condição é permanente, mas na maioria dos casos não progressiva. Ela compromete o controle motor e pode afetar o desenvolvimento global da criança. Os sinais aparecem na infância e variam em intensidade”, explica o especialista.

O estudo aponta que até 90% dos casos surgem durante a gestação ou no período neonatal. Entre os entrevistados, 50,3% nasceram prematuramente, e 71,6% das lesões cerebrais ocorreram antes do nascimento ou nas primeiras quatro semanas de vida.

“A prematuridade e o baixo peso ao nascer são fatores de risco, pois o cérebro do bebê é mais vulnerável a lesões devido à imaturidade dos sistemas vascular e nervoso. Complicações no parto também podem causar hipóxia ou isquemia cerebral”, acrescenta o neurologista.

Diagnóstico precoce é decisivo

O levantamento ainda revela que um terço das pessoas com paralisia cerebral (33,6%) no Brasil só recebeu o diagnóstico após completar um ano de idade — um atraso que pode comprometer o desenvolvimento.

“O diagnóstico precoce permite o início imediato de terapias que estimulam o desenvolvimento motor, melhoram a funcionalidade e reduzem as sequelas, oferecendo melhor qualidade de vida”, afirma o Dr. Philipe.

O diagnóstico é feito por meio da avaliação clínica do tônus e do desenvolvimento motor da criança, podendo ser complementado por ressonância magnética ou tomografia cerebral.

Um desafio global

Segundo dados internacionais, 1 a cada 4 crianças com paralisia cerebral não consegue falar, 1 a cada 3 não anda, e cerca de 50% apresentam deficiência intelectual. Os sinais de alerta nos primeiros meses incluem dificuldade para sustentar a cabeça, atraso no controle postural, rigidez ou flacidez muscular, movimentos assimétricos e fraqueza anormal.

“Reconhecer esses sinais o quanto antes é essencial. Cada mês faz diferença no desenvolvimento da criança”, reforça o neurologista da Afya Educação Médica de Belo Horizonte.

📸 Foto: Divulgação / Afya Educação Médica

📄 Fonte: Registro Brasileiro de Paralisia Cerebral (RB-PC) / Afya Educação Médica / World Cerebral Palsy Guide

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