O “divórcio cinza” é um fenômeno crescente no Brasil, que se refere ao aumento das separações entre casais com mais de 50 anos, um número que saltou de 10% para 30% de todos os divórcios no país entre 2010 e 2023, de acordo com o IBGE. Esse fenômeno está relacionado a diversas causas, como desgaste emocional no casamento, abuso verbal e físico, e o impacto do empoderamento feminino, que tem incentivado mulheres a priorizarem sua felicidade e autonomia.
Além disso, fatores como a expectativa de vida mais longa e a síndrome do ninho vazio — quando os filhos saem de casa, levando os pais a reavaliar suas relações — também contribuem para o aumento das separações tardias. Para muitas pessoas, especialmente mulheres, o divórcio nesta fase da vida tem se tornado uma forma de reconquista da liberdade e do bem-estar pessoal, após anos de dedicação à família e à manutenção do casamento.
A separação após muitos anos de convivência traz desafios emocionais significativos, incluindo a sensação de perda e solidão. Especialistas sugerem que a psicoterapia, o autocuidado e a busca por novas experiências podem ajudar a reconstruir a autoestima e a identidade pós-divórcio.
Sandra*, uma mulher de 58 anos que se separou após 36 anos de um casamento abusivo, exemplifica essa busca pela liberdade e renovação. Embora sua vida ainda não tenha se estabilizado totalmente, ela está determinada a seguir em frente, focando em sua independência financeira e bem-estar. Para ela, o divórcio foi a escolha necessária para garantir um futuro melhor, apesar dos desafios.
O divórcio tardio, embora desafiador, também pode representar uma oportunidade de autodescoberta, renovação e crescimento pessoal.