O recém-lançado documentário “Adultizando”, produzido pelo youtuber Felca, vem despertando atenção nacional ao abordar de forma direta a adultificação infantil e os riscos da superexposição de crianças nas redes sociais. A obra denuncia práticas que flertam com a exploração e, em casos extremos, com a pedofilia, mostrando o impacto negativo do materialismo precoce e da busca por fama instantânea entre os jovens.
Para o defensor público federal André Naves, o documentário revela uma ferida ainda mais profunda na sociedade brasileira: o desprezo pela educação. “Para essas crianças, a escola é um peso, o conhecimento é um obstáculo, e o sonho não é ser, mas ter”, afirma. Segundo ele, o ciclo vicioso de transformar a infância em um produto monetizável começa com a negligência educacional e perpetua-se nas gerações seguintes.
Naves ressalta que a responsabilidade não é exclusiva dos pais, muitos dos quais também cresceram em contextos de desigualdade e educação precária. O especialista defende que a solução não está em demonizar a tecnologia, mas em ressignificar a educação, mostrando que aprender vai além de decorar fórmulas: envolve desenvolver raciocínio lógico, habilidades socioemocionais e pensamento crítico.
“Em um mundo cada vez mais automatizado pela inteligência artificial, o que nos resta de essencialmente humano será a capacidade de colaborar, criar e resolver problemas complexos”, observa Naves. Para ele, a criatividade, a resiliência e o pensamento crítico são fundamentais para formar indivíduos preparados para o futuro, enquanto o desprezo pela educação representa um risco para as bases sociais do país.
O documentário propõe, assim, uma reflexão sobre a necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com valores fundamentais, mostrando que a verdadeira potência do ser humano está no conhecimento e na formação integral desde a infância.
