Deveria ser lei que filhos não morressem. Mas, diante da realidade da perda gestacional, muitas mulheres vivem um luto que, além de profundo, é silenciado. Embora casos públicos comovam o país, milhares de mães enfrentam essa dor todos os anos longe da visibilidade e do acolhimento necessários.
O luto perinatal – nome dado à perda de um bebê durante a gestação ou pouco após o nascimento – ainda é pouco compreendido e, muitas vezes, desvalorizado. A sociedade evita falar sobre o tema por medo, desconhecimento ou tabu. Isso torna o sofrimento ainda mais solitário. Com o tempo, a rede de apoio se distancia, e frases como “logo você engravida de novo” ou “Deus sabe o que faz” acabam ferindo ainda mais.
Algumas mulheres, inclusive profissionais da saúde, relatam como o impacto da perda pode abalar a vida pessoal e profissional. A ausência de cuidado humanizado agrava esse cenário: muitas mães não são respeitadas no momento da despedida, nem têm seus filhos reconhecidos simbolicamente, o que dificulta o processo de elaboração do luto.
Avanços legislativos e iniciativas em hospitais começam a mudar esse panorama, propondo atendimentos humanizados, espaços de acolhimento, rituais de despedida e a preservação de memórias da criança. A construção de redes de apoio entre famílias e a atuação de profissionais especializados também têm se mostrado fundamentais.
É preciso tempo, escuta e empatia. Não se trata de apagar a dor, mas de reconhecer sua existência e permitir que ela conviva com a saudade e o amor.
Foto: iStock / Muhamad Asyraf Mohd Rasid
Fonte: O Tempo
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