Enquanto o Brasil investiga casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas, médicos e autoridades sanitárias reforçam que nenhuma bebida alcoólica é totalmente segura neste momento, ainda que cerveja, vinho e chope apresentem risco menor.
Segundo especialistas ouvidos pelo g1, o maior perigo está nos destilados, como vodca, gim, cachaça e uísque, por serem as bebidas mais visadas em adulterações. Já cervejas e vinhos são considerados menos vulneráveis, especialmente os produtos industrializados em larga escala e envasados em lata, que dificultam fraudes.
O médico Luis Fernando Penna, do Hospital Sírio-Libanês, destacou que os destilados são mais suscetíveis à adição ilegal de metanol, enquanto os fermentados possuem processos de fabricação que reduzem a probabilidade de contaminação. “Neste momento de crise, não há bebida totalmente segura. O risco é real e pode ser fatal. Até que as investigações avancem, a orientação é não consumir bebidas alcoólicas de origem duvidosa”, afirmou.
O neurologista Renato Anghinah, da USP, ressaltou que a cerveja em lata é a opção de menor risco, já que seu envase industrial dificulta adulterações. Ele alerta, porém, que o consumo deve ser feito somente com garantia da procedência.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também reforçou a recomendação de evitar destilados, especialmente os incolores, como vodca e gim. “Esses produtos não são essenciais. É prudente que as pessoas deixem de consumi-los enquanto não há segurança total sobre a origem”, afirmou.
Para a médica Patrícia Mello, episódios anteriores, como o ocorrido em Belo Horizonte em 2020, mostram que até cervejas já foram associadas a contaminações químicas, o que reforça a necessidade de fiscalização e vigilância contínua.
O hepatologista Raymundo Paraná, da Universidade Federal da Bahia, explicou que o metanol pode estar presente tanto por fraude intencional quanto por falhas no processo de fabricação, mas destacou que grandes indústrias seguem padrões rigorosos e oferecem menor risco.
Por fim, o professor André Ricardo Alcarde, da ESALQ/USP, afirmou que bebidas fermentadas, como vinho e cerveja, são naturalmente mais complexas e difíceis de adulterar com metanol. “Quando produzidas dentro das Boas Práticas de Fabricação, é praticamente inexistente o risco de contaminação”, observou.
O consenso entre os especialistas é claro: nenhuma bebida alcoólica é 100% segura. Por isso, recomenda-se verificar o rótulo, o registro do produto, a procedência e evitar preços muito abaixo do mercado. O consumo consciente e a atenção à origem continuam sendo as principais formas de prevenção.
Foto: Wesley Costa / O Popular
Fonte: g1 Saúde