Em meio à crise financeira, Azul enfrenta denúncias sobre condições de trabalho e tem saída de pilotos

Por Dentro De Tudo:

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A Azul Linhas Aéreas, em meio a uma crise financeira, se encontra sob denúncias relacionadas ao descumprimento de normas trabalhistas, precarização das condições de trabalho de pilotos e tripulantes, além da queda na remuneração. A reportagem do g1 trouxe à tona a insatisfação de funcionários e informações do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), além de uma ação civil pública que questiona as medidas adotadas pela empresa.

O atual cenário tem resultado na saída de vários profissionais, que estão optando por migrar para outras companhias. O processo de recuperação judicial da Azul levou à devolução de aeronaves e ao cancelamento de rotas, o que diminuiu a quantidade de voos realizados por pilotos e tripulantes. A Azul foi contatada para fornecer um posicionamento sobre as denúncias, mas ainda não respondeu.

Na ação civil pública, que está em trâmite no Tribunal de Justiça do Trabalho da 15ª Região, o sindicato alega que os funcionários vivem em um “estado de prontidão”, enfrentando constantes mudanças nas escalas de trabalho, redução dos períodos de descanso e invasão de folgas sem consentimento. Segundo o SNA, os pilotos têm enfrentado jornadas desgastantes, cortes de benefícios e salários abaixo dos oferecidos por empresas concorrentes. Um dos pilotos relatou uma “debandada” de co-pilotos, com aproximadamente 40 saídas apenas em setembro, atribuídas à diminuição da remuneração devido à redução de voos.

O SNA considera que a situação atual reflete o momento delicado da empresa em meio ao processo de recuperação judicial e a crise na gestão de pessoas. A entidade também destacou que as condições de trabalho dos pilotos da Azul se deterioraram nos últimos anos, afetando suas vidas pessoais. Um outro funcionário mencionou que o clima na empresa é emocionalmente pesado, sendo a carga emocional maior que a carga de trabalho.

A companhia se encontra em um processo de recuperação semelhante à recuperação judicial, conforme o Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos. Desde o início do processo, em maio, ao menos sete audiências foram realizadas, resultando no encerramento de rotas em 14 cidades e na diminuição de 30 aeronaves para cortar custos.

Em agosto, John Rodgerson, CEO da Azul, afirmou que a companhia espera sair do processo de recuperação judicial até dezembro de 2025, acreditando que essa experiência tornará a empresa mais leve.

Os aeronautas solicitam na ação judicial que a Azul seja impedida de alterar escalas e reduzir períodos de descanso sem consulta prévia. O SNA pede, ainda, que em caso de descumprimento, seja aplicada uma multa diária. O valor da ação é de R$ 200 mil por danos morais coletivos e existenciais.

Além dos problemas mencionados, o SNA relatou que os pilotos enfrentam escalas cansativas, constantes mudanças nas folgas e deterioração na alimentação, tanto a bordo quanto nos hotéis de pernoite. A política salarial da empresa é vista como um dos principais motivos de insatisfação, já que os pilotos da Azul têm salários até 24% menores que os de concorrentes como Gol e Latam.

O sindicato também destacou que a operação de aeronaves da Airbus pela Azul facilita a migração de pilotos para a Latam, que opera com as mesmas aeronaves, reduzindo os custos e o tempo de treinamento. A Gol, apesar de não operar com os mesmos modelos, tem expandido suas contratações, atraindo tripulantes da Azul.

O SNA monitora a situação atentamente e busca diálogo com a Azul para solucionar os problemas, mas afirma que não tem obtido sucesso, mantendo apoio aos aeronautas demitidos para garantir que seus direitos sejam respeitados.

Em maio, a Azul, cuja sede principal é em Campinas, São Paulo, apresentou um pedido de proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências, com o objetivo de eliminar uma dívida estimada em cerca de US$ 2 bilhões, enquanto mantém suas operações. A empresa atribui suas dificuldades financeiras a impactos da pandemia de Covid-19 e a várias turbulências econômicas.

Durante o ano, a Azul encerrou operações em pelo menos 14 cidades brasileiras, que representavam 0,3% de sua receita líquida.

Crédito da foto: Azul Linhas Aéreas/Divulgação. Fonte: g1.

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