Entenda como tecnologia brasileira dobrou tempo de conservação de órgãos para reduzir filas de transplantes

Por Dentro De Tudo:

Compartilhe

Uma inovação desenvolvida no Brasil está revolucionando o transporte de órgãos para transplante. A caixa Taura, criada por uma empresa de Santa Rosa, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, é capaz de monitorar a temperatura e permite rastreamento em tempo real, já tendo sido utilizada com sucesso em procedimentos complexos. À primeira vista, o equipamento pode parecer uma maleta comum, mas internamente possui tecnologia avançada. Ele conta com um compressor que opera em 12 volts e controladores homologados para manter a temperatura ideal.

Nerci Link, diretor da empresa fabricante, destaca que “esse equipamento atende a todos os requisitos para transporte de órgãos. Ele mantém a temperatura dentro do intervalo esperado e com uma homogeneidade incomparável”. A caixa é equipada com baterias internas, sensores e um sistema de monitoramento remoto, permitindo o acompanhamento da temperatura e localização do órgão em tempo real, garantindo segurança durante todo o trajeto. Diferentemente das tecnologias utilizadas em outros países, que são descartáveis e onerosas, o modelo brasileiro é reutilizável e tem custo reduzido.

A Taura substitui o método tradicional com gelo, ainda amplamente utilizado, eliminando os riscos de congelamento e dobrando o tempo em que o órgão pode permanecer fora do corpo, de quatro para oito horas. O médico Juglans Alvarez, do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, ressalta que o ajuste ideal de temperatura evita complicações. “Quando o órgão fica muito tempo perto do gelo, ele congela. Depois do descongelamento, o coração pode ficar fraco e não recuperar”, afirma.

Essa tecnologia já foi utilizada no transporte de três corações entre estados. Em um dos casos, o trajeto foi mais longo do que o convencional, e o órgão manteve plena funcionalidade após o transplante. Juglans Alvarez comenta que “é uma revolução que tem acontecido fora do Brasil e agora estamos fazendo acontecer aqui também”.

O impacto dessa inovação é evidente. No Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre, foram realizados sete transplantes de coração em um mês e meio, quase o dobro da média anual, que era de quatro. Entre os pacientes beneficiados está Rodrigo Martínez Moura, comerciante de Uruguaiana, que afirma: “Acordo todo dia com mais ânimo, não tenho mais falta de ar. É outra vida”. Outro paciente, Márcio Balen, motorista de aplicativo, também celebra a mudança: “Antes eu dormia sentado, faltava ar. Agora posso respirar direito. Vida nova”, relata.

Para as famílias, o sentimento é de gratidão. Rosa Martínez Moura, mãe de Rodrigo, expressa: “Presente de Deus no dia do meu aniversário, a vida do meu filho”. De acordo com o Ministério da Saúde, o estado realizou 961 transplantes de órgãos e tecidos no primeiro semestre de 2025, incluindo oito de coração, 65 de fígado, 20 de pulmão, 262 de rim, 511 de córnea e 95 de medula óssea. O resultado acompanha o avanço nacional, que atingiu 14,9 mil transplantes no período, um crescimento de 21% em relação a 2022. Apesar do bom desempenho, o Ministério alerta que o número poderia ser ainda maior, já que 45% das famílias brasileiras ainda recusam a doação.

Fonte: g1
Crédito da foto: Reprodução/RBS TV

Encontre uma reportagem