Especialistas estão defendendo a criação de leis para limitar o uso de celulares por crianças e adolescentes, diante do aumento de problemas de saúde mental. Pela primeira vez, a taxa de depressão e suicídio nessa faixa etária supera a de adultos.
A neuropsicóloga Licia Assbu, autora de “(Des)conecte-se: Como Se Conectar com o Seu Filho para Ele Se Desconectar das Telas”, destaca a urgência dessas restrições. “O uso indiscriminado de celulares está causando déficits significativos. Deixar uma criança no celular é como deixá-la sozinha na rua, exposta a riscos”, compara.
Rosiane Reis, uma especialista em telas, alerta que o vício em dispositivos eletrônicos pode ser tão grave quanto a dependência química. “Precisamos tratar essa questão com seriedade, como fizemos com o uso de cintos de segurança nos carros”, afirma.
A campanha Desconecta, liderada por mães no Brasil, sugere que o uso de celulares seja vetado antes dos 14 anos e o acesso às redes sociais permitido apenas após os 16 anos. Esse movimento tem ganhado apoio de especialistas e escolas.
Rosiane ressalta a importância de um uso consciente dos dispositivos: “Não se trata de proibir totalmente, mas de monitorar o tempo, o conteúdo e o contexto do uso”. A Associação Brasileira de Pediatria recomenda que crianças de até dois anos não usem telas, enquanto para as de dois a cinco anos o limite é de uma hora por dia.
No ambiente escolar, a limitação do uso de celulares também é crucial. “As escolas que já implementaram essas restrições estão observando melhorias significativas no desempenho acadêmico”, afirma Licia. Ela acredita que, em breve, pais irão escolher escolas que limitem o uso de celulares devido aos benefícios comprovados para o desenvolvimento das crianças.