Uma carreira consolidada, fama, beleza e dinheiro. O cenário pode parecer perfeito para uma infinidade de pessoas e, até mesmo, passar a sensação de que não é necessário mais nada. Mas nem sempre essa é a realidade vivida por quem parece ter tudo. Foi, inclusive, essa a reflexão levantada recentemente pela atriz, apresentadora e cantora Mariana Rios. Em um vídeo, postado no Instagram no último dia 17, a artista – que atualmente comanda o reality show “A Grande Conquista”, na Record TV – propôs uma reflexão acerca da vida.
Tudo começou quando Mariana, durante uma entrevista, se viu diante de uma pergunta que fez com que ela “travasse” e acabasse caindo no choro: “Mariana, você é uma mulher bonita, com a carreira consolidada, fama, desejada e com dinheiro. Falta alguma coisa?’”. Segundo o desabafo da artista, ela pensou em dizer que não, que se sentia completa, principalmente por ter conquistado tudo aquilo que sonhava, mas sentiu a necessidade de ser verdadeira consigo mesma. Desta forma, ela respondeu que se não lhe faltasse nada, não teria razão para acordar no dia seguinte.
Ao longo do relato, Mariana ainda pontuou que acredita que a fortaleza de cada um está na incompletude. “Ao escolher trabalhar no final de semana você tem que deixar aquela viagem onde estarão todos os seus amigos. Casando, você perde a vida de solteiro. Solteiro, você abdica da construção de uma família e quando você tira férias deixa de ganhar dinheiro para gastar”, argumentou a artista, evidenciando que, sim, sempre algo fará falta.
Mas, diante dessa certeza, qual é a maneira mais saudável de seguir? Segundo a psicóloga Tatiana Zanatto (@psicologatatianazanatto), especialista em terapia cognitivo-comportamental, a regulação emocional é um caminho para lidar com a ausência que sentimos de determinadas coisas. “Na prática, isso significa olhar de maneira racional para aquilo que você tem de bom. E se o que te falta for algo de extrema angústia, a dica é construir um caminho que vai te conduzir à conquista do que você entender que é importante”, orienta.
Conforme a especialista, o autoconhecimento é outro grande aliado. “Esse é um processo que vem de encontro com a psicoterapia, que permite que você compreenda o que você é e o que quer. Assim fica mais fácil projetar comportamentos que irão te conduzir à satisfação”, explica ela, pontuando que a percepção de que estamos satisfeitos é algo que precisa ser construído.
Satisfação é uma sensação temporária
Psiquiatra e terapeuta cognitivo-comportamental, Rodrigo de Almeida Ferreira (@psiqrodrigo) ressalta que é importante se lembrar que, como toda sensação, a satisfação não é uma constante na vida. “Não é realista esperar que sempre estejamos satisfeitos”, afirma. De acordo com o especialista, reconhecer que as coisas que buscamos não vão nos levar a um contentamento permanente é fundamental. “Podemos buscar um relacionamento ou um bem material se reconhecemos que aquilo é importante, se está alinhado aos nossos valores. O principal é entender que essa falta, essa insatisfação, é uma experiência interna e que todos nós, seres humanos, temos. Sentir a falta não significa que estamos fazendo algo errado, significa só que somos humanos”.
O psiquiatra acrescenta, ainda, que o sentir que falta algo não é algo preocupante, mas a forma como as pessoas lidam com ele pode se tornar um problema. “Se buscarmos de todas as formas sufocar ou fugir desse sentimento, isso vai levar a muito mais sofrimento”, diz ele, explicando que a busca pelo suprimento dessa ausência não precisa ser o motor de nossas ações. “O que nos move pode ser algo mais significativo, como nossos valores”.
Se o sentimento de vazio se torna mais intenso e passa a impactar de maneira prática na vida é importante ficar atento e, até mesmo, buscar ajuda. É isso o que explica Tatiana Zanatto. “Quando este vazio te impede de executar comportamentos fundamentais para a saúde ou impacta em suas relações, devemos ficar alertas, pois existem doenças como a depressão e os transtornos de personalidade que têm por característica um vazio existencial paralisante”, explica. “O sentimento de incompletude constante não é saudável. A motivação não está em preencher o vazio de maneira contínua, mas sim em buscar conquistar seus objetivos, e todos os dias se levantar para mantê-los”.
Fonte: O Tempo.