Alunos da Escola Estadual Presidente Dutra, no bairro Horto Florestal, em Belo Horizonte, se manifestaram publicamente contra a adesão da escola ao modelo cívico-militar proposto pelo governo de Minas Gerais. Em vídeo que circula nas redes sociais, os estudantes entoam a música “Marcha Soldado” e exibem cartazes com frases como “Quem educa são professores ou generais?” e “Não se faz pedagogia com medo”, questionando a autoridade militar no ambiente escolar e defendendo uma educação libertadora.
A manifestação surge em meio ao processo de consulta pública iniciado pelo governo estadual, que selecionou 728 instituições para avaliar a aceitação do novo formato. A proposta prevê a inserção de militares, como policiais e bombeiros, na gestão escolar com o objetivo de promover disciplina, segurança e redução da evasão escolar. No entanto, o processo foi suspenso no dia 14 de julho pelo governador Romeu Zema, sob a justificativa de que as férias escolares comprometeriam a participação dos pais.
Estudantes e especialistas da área da educação têm criticado o modelo. O Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (FEPEMG) divulgou, em 2024, um relatório apontando que a militarização não resolve problemas estruturais, como a falta de políticas sociais, e alerta para adesões feitas sem transparência. O documento também questiona a falta de formação pedagógica dos militares, os salários desproporcionais em relação aos docentes e a ausência de evidências científicas que comprovem melhorias reais na aprendizagem.
A Secretaria de Educação defende a proposta como um modelo de “gestão colaborativa” e afirma que as escolas cívico-militares registraram queda na taxa de abandono, citando dados do Censo Escolar. Ainda assim, o processo de adesão só será concluído após análise técnica, mesmo quando houver manifestação favorável da comunidade.
Até o momento, nove escolas já aderiram ao modelo cívico-militar em Minas Gerais, incluindo instituições em Belo Horizonte, Contagem, Itajubá e Três Corações.
Fonte: Agência Brasil
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