Um levantamento realizado pelo Tribunal de Contas de Minas Gerais revelou um cenário preocupante sobre os investimentos em saúde mental no estado. Em 2023, 305 municípios mineiros não destinaram nenhum recurso específico para ações de prevenção e tratamento de transtornos psiquiátricos. Segundo o relatório, em números absolutos, Belo Horizonte aparece no topo com R$ 27 milhões aplicados, mas cai para a 20ª posição quando o critério é o valor por habitante.
Os menores repasses foram registrados em cidades do Norte e Leste de Minas. Em Bocaiúva, no Norte, o investimento foi de apenas R$ 2,6 mil, equivalente a R$ 0,04 por habitante. Por outro lado, Barbacena, no Campo das Vertentes, lidera o ranking per capita com R$ 70,90 investidos por pessoa, seguida por São João del Rei, na Zona da Mata, Curvelo, na região Central, e Muriaé, também na Zona da Mata.
Tatiane Shinzato, auditora do TCE-MG, destacou a preocupação com a falta de políticas públicas voltadas especificamente para a saúde mental. O relatório visa subsidiar os gestores para que os recursos sejam melhor aplicados, considerando as demandas de cada microrregião, como taxas de suicídio, e a escassez de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), psiquiatras e psicólogos.
A saúde mental em Belo Horizonte conta atualmente com quase 400 psicólogos e 16 Centros de Referência em Saúde Mental, que realizaram 180 mil consultas apenas neste ano. Kelly Nilo, gerente da Rede de Saúde Mental da Prefeitura de BH, explicou que os centros de saúde são a porta de entrada para pacientes com sofrimento psíquico, e os casos mais graves são acompanhados nos CERSAM’s, que funcionam com portas abertas. Ela detalhou que, nesses casos, a pessoa passa pelo médico da família e, se necessário, é encaminhada para um psiquiatra nos centros de saúde, enquanto os casos mais graves são tratados nos Centros de Referência em Saúde Mental.
A psiquiatra Tatiana Mourão Lourenço reforçou que buscar ajuda é sinal de força e que mudanças de comportamento podem ser indicativos de sofrimento mental. Ela ressaltou a importância de não ter vergonha de pedir socorro, afirmando que comunicar a dor pode ativar uma rede de proteção.
Fonte: g1
Crédito da foto: Divulgação