Um estudo conduzido pela PUC Minas identificou que, na Rua Guaicurus, localizada na região central de Belo Horizonte, cerca de 4 mil profissionais do sexo – entre mulheres cis e trans – atuam em 24 hotéis da área. A pesquisa, que entrevistou 360 trabalhadoras, visa fornecer dados que possam embasar políticas públicas e de saúde, essenciais para os direitos dessas profissionais.
De acordo com a coordenadora do estudo, Márcia Mansur, o objetivo é dar visibilidade e valorização ao trabalho sexual, chamando a atenção para a necessidade de proteção e acesso a direitos básicos de saúde, assistência social e educação. Jade, representante da entidade Clã das Lobas, reforça a importância de se reconhecer o trabalho sexual como uma atividade laboral, visto que quase 70% das entrevistadas manifestaram apoio à regulamentação da profissão.
O levantamento também revelou que 74% das mulheres entrevistadas já sofreram discriminação ou violência ao longo da vida, evidenciando o estigma e a marginalização que enfrentam. Entre os principais desafios apontados, destacam-se o preconceito, a vulnerabilidade social e a falta de direitos trabalhistas, além da solidão e condições insalubres de trabalho.
A Rua Guaicurus, famosa pela vida boêmia e retratada em obras culturais como a minissérie Hilda Furacão, tem uma história que remonta à fundação de Belo Horizonte, em 1897. Segundo a professora Luciana Andrade, também da PUC Minas, o local passou por diferentes fases, mas mantém sua tradição como ponto de prostituição feminina desde os primeiros anos da cidade.
Fonte: G1. Foto: Esley Rezende/TV Globo.