A cada minuto, uma pessoa é diagnosticada com câncer ou tumor benigno em Minas Gerais, segundo um estudo recente da pesquisa Câncer Brasil, realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Ministério da Saúde. Em 2023, o estado registrou 80.856 novos diagnósticos, e o câncer se tornou a principal causa de morte em 115 cidades mineiras.
O estudo destaca que, apesar da alta incidência da doença, a infraestrutura para diagnóstico e tratamento do câncer em Minas Gerais é insuficiente. O estado conta com apenas 40 unidades credenciadas para atendimento de alta complexidade em oncologia, número que se mostra inadequado para atender à demanda dos 853 municípios. Há também uma carência significativa de equipamentos essenciais, como tomógrafos e mamógrafos, o que agrava a situação, especialmente para a população residente fora dos grandes centros urbanos.
Além da falta de equipamentos, o estado enfrenta uma escassez de profissionais de saúde especializados. Minas Gerais tem apenas 2,91 médicos para cada mil habitantes, bem abaixo da média das capitais brasileiras, que é de 6,13 médicos por mil pessoas. No interior, esse índice cai para 1,84, evidenciando ainda mais as dificuldades de acesso a cuidados médicos especializados.
Especialistas alertam que a precariedade do sistema de saúde estadual contribui para que muitos pacientes cheguem ao atendimento em estágios avançados da doença, reduzindo significativamente as chances de cura. A demora para realizar exames críticos, como a colonoscopia, pode ser de até dois anos em algumas regiões, o que pode ser fatal para pacientes com câncer.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reconhece os desafios e afirma que a oncologia é uma área prioritária no planejamento para os próximos anos. A secretaria menciona diversas iniciativas para fortalecer o diagnóstico precoce e o tratamento, especialmente para os tipos de câncer com maior mortalidade, como os de mama, colo de útero e próstata. No entanto, a solução para o déficit atual requer investimentos significativos e uma reestruturação abrangente da rede de saúde.
O estudo ressalta a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura e na oferta de serviços de saúde para enfrentar a crescente demanda por diagnóstico e tratamento oncológico em Minas Gerais, onde o câncer continua a ser uma das principais ameaças à saúde pública.
Foto: Fred Magno/O Tempo