O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, principal representante norte-americano no país, se reuniu com empresários do setor mineral na quarta-feira (24) e expressou o interesse dos EUA em firmar acordos para aquisição de minerais críticos e estratégicos brasileiros, como lítio, nióbio e terras raras.
Durante o encontro com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Escobar ouviu do presidente da entidade, Raul Jungmann, que qualquer negociação nesse sentido deve ser conduzida pelo governo federal, já que tais minerais são bens da União. Jungmann reforçou que os EUA demonstraram interesse formal no setor, mas destacou que o Brasil mantém a exploração aberta a empresas de todos os países, por meio de concessões públicas.
A reunião ocorreu em meio a uma crise comercial entre Brasil e EUA. O governo norte-americano planeja aplicar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O vice-presidente Geraldo Alckmin lidera as negociações para tentar reverter a medida.
Atualmente, os EUA não haviam indicado a intenção de incluir o tema dos minerais estratégicos nas discussões sobre tarifas. Segundo especialistas, como os professores Rubens Duarte (Labmundo/ECEME) e Ronaldo Carmona (Escola Superior de Guerra), o interesse faz parte da disputa geopolítica entre EUA e China pelo controle dessas matérias-primas essenciais para indústrias de alta tecnologia.
Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que o Brasil é um dos principais detentores de reservas minerais estratégicas do mundo, com destaque para o nióbio (94% das reservas globais), grafita, terras raras e lítio, cuja produção se concentra em Minas Gerais — especialmente no Vale do Jequitinhonha, que atrai investimentos bilionários.
Apesar do interesse americano, especialistas afirmam que o Brasil não deve ceder seu potencial mineral em troca de vantagens comerciais sem considerar os impactos para a soberania e segurança nacional.
Foto: Dado Galdieri/Bloomberg
Fonte: Eliane Oliveira / O Globo