Com mais de 45 mil novos casos anuais no Brasil, especialistas destacam que a prática regular de atividades físicas e a prevenção são fundamentais para salvar vidas.
Minas Gerais — Novembro de 2025. O câncer de cólon e reto (colorretal) é uma das doenças que mais preocupa a saúde pública brasileira. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país registra cerca de 45.630 novos casos por ano entre 2023 e 2025, sendo 21.970 em homens e 23.660 em mulheres. O maior desafio é o diagnóstico tardio, já que mais de 70% dos casos são descobertos em estágios avançados, quando as chances de cura são menores.
Um estudo internacional de grande escala, publicado no New England Journal of Medicine, trouxe novos dados sobre o impacto do exercício físico na sobrevivência de pacientes com câncer de cólon. A pesquisa acompanhou 889 pacientes em seis países por 17 anos. Todos haviam passado por cirurgia e quimioterapia e foram divididos em dois grupos: um participou de um programa supervisionado de exercícios por três anos, enquanto o outro recebeu apenas orientações educativas sobre saúde.
Os resultados surpreenderam: o grupo que praticou exercícios apresentou uma redução de 37% no risco de morte por todas as causas e sobrevida de 90% após oito anos — contra 83% entre os pacientes que não realizaram as atividades.
Para o oncologista da Afya Montes Claros, Dr. Levindo Tadeu, a prevenção é o primeiro passo e pode evitar até um terço dos casos da doença.
“Evitar o consumo excessivo de álcool, carnes vermelhas e processadas, reduzir alimentos ultraprocessados, manter uma dieta rica em frutas, verduras e legumes e praticar exercícios físicos regularmente são medidas essenciais”, explica o médico.
Ele reforça ainda que consultas preventivas e atenção a sinais de alerta — como alterações intestinais persistentes, sangue nas fezes e perda de peso inexplicada — são decisivas para o diagnóstico precoce e o sucesso no tratamento.
O crescimento do câncer colorretal é uma tendência global. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) aponta que, em 2022, mais de 1,9 milhão de novos casos foram registrados no mundo, tornando o tumor o terceiro mais comum em incidência global. Na América do Sul, a previsão é de aumento de 75,7% até 2045, alcançando quase 200 mil novos diagnósticos por ano.
O fisiologista da Afya Itajubá, Dr. Rodolfo Faria, destaca que diferentes tipos de exercícios trazem benefícios comprovados para pacientes e sobreviventes do câncer de cólon:
- Exercícios aeróbicos moderados, como caminhada rápida, ciclismo e natação, melhoram a sensibilidade à insulina, reduzem inflamações e fortalecem o sistema cardiovascular.
- Treinamentos combinados, que unem atividades aeróbicas e musculação, aumentam a força muscular, reduzem a gordura visceral e melhoram marcadores metabólicos.
- Treinos intervalados de alta intensidade (HIIT) também mostraram efeito positivo em estudos experimentais, reduzindo a viabilidade de células cancerígenas.
“O exercício é uma ferramenta poderosa não só no tratamento, mas também na prevenção e recuperação. Ele ajuda a controlar a inflamação, equilibrar o metabolismo e fortalecer o sistema imunológico. Mais do que uma rotina, é um compromisso com a vida”, reforça o fisiologista.
📊 Fontes: INCA, New England Journal of Medicine, Afya Educacional, IARC/OMS.

















