O avanço da variante Ômicron do coronavírus causa explosão no número de casos de Covid-19 ao redor do mundo e quebra recordes de toda a pandemia. Neste cenário, as medidas de proteção contra o contágio ganham força e, entre elas, o uso das máscaras tem importância destacada, como afirma o infectologista e diretor médico da Target Medicina de Precisão, Adelino Melo Freire.
“A máscara continua sendo a ferramenta essencial contra doenças respiratórias. Ela serve como barreira tanto para quem está usando como para o ambiente, porque evita que uma pessoa infectada espalhe o vírus pela respiração”, diz o infectologista.
Freire explica que, embora seja importante usar máscaras de qualquer natureza, existem modelos mais eficientes para se proteger do coronavírus, em especial da variante Ômicron.
“Com uma variante tão transmissível assim, se faz necessário que a gente tente utilizar das ferramentas que a gente dispõe, a gente já sabe que as máscaras de maior capacidade de filtrar são a N95 e a PFF2 se destacam nesse processo”, comenta.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), os tipos de máscara citados por Freire retém 95% das partículas, o melhor percentual dentre os equipamentos avaliados.
O estudo, publicado na revista Aerosol Science and Technology em abril de 2021, também avalia a respirabilidade em uma escala que vai de 0 a 10 e um fator de qualidade, calculado através da relação entre a filtragem (capacidade de retenção de partículas) e a respirabilidade, em uma escala que vai de 0 a 25.
Veja o infográfico com os dados da pesquisa:
Como escolher?
O infectologista chama ainda a atenção para outros fatores que precisam ser levados em consideração no momento de escolher uma máscara. O ambiente é um elemento crucial para essa decisão.
“Se você vai estar em um ambiente fechado e com muitas pessoas, como no transporte coletivo, é melhor se proteger da melhor forma. Máscaras mais eficientes como a PFF2 e a N95 são necessárias”, afirma.
O ajuste no rosto também deve ser levado em conta. Quanto menos espaço para a passagem de ar, mais eficiente é a máscara.
“É preciso estar atento a elásticos mais firmes e o tecido mais ajustado ao rosto, com menos espaço. Pode ficar menos confortável, mas é mais seguro. O elástico atrás da cabeça também é mais eficiente neste sentido do que atrás das orelhas”, diz o especialista.
A durabilidade é outro fator que joga a favor das máscaras mais eficientes, segundo Freire. As máscaras cirúrgicas, por sua vez, são descartáveis e perdem rapidamente sua capacidade de proteção.
“Quando a gente fala de máscara N95, ela pode ser reutilizada por vários dias, isso é uma vantagem também. Desde que ela esteja em bom estado e continue vedando e guardada em local adequado, em um envelope ou saco plástico. É importante também manter hábitos saudáveis como higienizar as mãos depois de tocar a máscara”, destaca.
O especialista ressalta que, por mais que existam modelos mais adequados, qualquer máscara é melhor do que máscara alguma.
Como mostrado pelo infográfico, as máscaras cirúrgicas ou de pano também proporcionam alguma segurança, embora sejam menos confiáveis, principalmente com o avanço da variante Ômicron. O infectologista orienta a combinação das duas.
“A máscara cirúrgica ajuda sim, mas se puder escolher, use a máscara de maior capacidade. Vale lembrar que a máscara de tecido junto com uma máscara cirúrgica funcionam, já temos dados o suficiente para saber que é melhor que usar uma das duas separado”, conclui.
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